Orçado em mais de seis mil milhões de kwanzas, o viaduto começou a ser erguido em Março de 2015, e por razões de ordem financeira e dificuldades no processo de negociação, para a expropriação das residências que se encontravam ao longo do traçado, os trabalhos ficaram paralisados durante 19 meses.

Em Janeiro de 2019, os trabalhos reataram e um ano e sete meses depois, a obra está em fase de conclusão e poderá ser entregue ao Executivo, dono da obra, no próximo mês, segundo apurou no local o Novo Jornal junto da empresa Carmom, responsável pela construção da passagem de nível superior do Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) no cruzamento com a conhecida Avenida Hoji ya Henda.

No local, um grupo de homens e máquinas desdobram-se, diariamente, em esforços, para a conclusão do viaduto que vai conferir maior mobilidade ao tráfego rodoviário na província de Luanda.

Após a sua conclusão, espera-se que a infra-estrutura facilite a circulação de viaturas, na parte superior, e de locomotivas do Caminho de Ferro de Luanda, na parte inferior. Os trabalhos de estão executados em 95 por cento, afirmou, sob anonimato, um engenheiro de obras que o Novo Jornal encontrou e com o qual falou naquele viaduto.

Segundo o engenheiro de obras, depois da conclusão do tapete de asfalto, os trabalhos agora estão concentrados em pequenos arranjos de adornamentos, como pintura dos corrimãos de protecção e segurança, sistemas de escoamento das águas e postes de iluminação pública.

Os moradores da zona mostram-se satisfeitos com o novo cenário que o viaduto apresenta, agora, tanto do lado do Cazenga como do Rangel.

Margarida Dala, munícipe do Cazenga, vive há 21 anos na zona, e contou que o novo viaduto trouxe uma outra imagem ao Cazenga, mas lamentou o facto de muitas residências, no perímetro da infra-estrutura permanecerem.

"Há ainda muitas casas nas proximidades, séria melhor se o Governo os desalojasse. Senão teremos desgraça no futuro, tomara que não haja para o bem das famílias", descreveu.

Margarida Dala acredita que os bairros da Tala-Hady e Terra Nova vão ter ser mais valorizados a, em função do novo cenário que os dois bairros agora estão apresentar, o "Tala"e a Terra Nova já não são os mesmos bairros de antigamente.

"Agora temos um novo cenário", declarou.

O morador Bernardo João acredita que o crescimento dos negócios na localidade vai aumentar por existirem muitos estabelecimentos comerciais nas proximidades.

"As obras limitaram muito a circulação de pessoas e carros, com a abertura deste viaduto, acredito que estes estabelecimentos vão ter, de certeza, um aumento dos lucros. A ponte representa uma mais-valia para todos os comerciantes aqui", disse.

Bernardo João espera ver melhorada também a situação da criminalidade na zona, pois entende que com a conclusão do viaduto, o índice de criminalidade vai aumentar.

"A delinquência está mesmo muito patente aqui. E se a polícia não velar por isso vai ter muitas queixas de assaltos. Esse é o medo que temos", narrou o morador do Rangel.

Entretanto, muitos moradores mostraram-se insatisfeito com a conclusão da obra, pois entendem que agora o Governo pretende acabar às pressas os trabalhos esquecendo-se das famílias que vivem a escassos metros do viaduto.

Na sua maioria são de opinião que ainda ficaram muitas casas no perímetro do viaduto, que também deviam ser retiradas.

"Se um carro se despistar por cima da ponte será desgraça certo. Mas esperamos que isso não venha a acontecer e estregamos tudo a Deus", contaram.

As vantagens resultantes da construção do viaduto do Cazenga estendem-se à diminuição dos índices de delinquência na zona. É opinião consensual dos moradores do Rangel, município de Luanda, e do Tala-Hady, no Cazenga, que a instalação de torres de iluminação pública na ponte, além de conferir beleza à localidade, vai, igualmente, funcionar como elemento inibidor da actividade dos marginais.

O viaduto Cazenga/Rangel em fase de fim da obra tem 83 metros de comprimento na parte suspensa, 22 de largura e uma altura máxima de 8,36 metros.

O mesmo conta também com passeio de dois metros transversal e sete metros de faixas de rodagem transversal e nos acessos, o separador terá 0,6 metros, a berma três metros, transversal.

O viaduto terá, no total, 178 metros de extensão de acesso ao Rangel, 175 metros de extensão de acesso ao Cazenga e um canteiro central de 1,4 metros.