Depois de quatro anos na presidência da CIRGL, correspondentes a dois mandatos consecutivos, Angola deixa a liderança para a República do Congo, momento que Mário Pinto de Andrade e Vadim João não quiseram deixar passar em branco.
Através do livro "Os Desafios da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos", apresentado na passada quarta-feira, 25, em Portugal, com a presença do reitor da Universidade Lusíada, os dois académicos documentam os momentos que marcaram o comando angolano.
"É fundamentalmente um documento de consulta, não só pela sua actualidade e pertinência política, mas também pelo facto de Angola ainda estar na presidência da CIRGL até Dezembro de 2017", lê-se no prefácio da obra, assinado por J. Coimbra Baptista Jr., jurista, docente universitário e antigo director da Comissão Nacional para a Região dos Grandes Lagos do Ministério das Relações Exteriores.
Para além do contributo académico do trabalho, que deverá ser lançado em Luanda no início de Novembro, Mário Pinto de Andrade destaca, em declarações ao Novo Jornal Online, o propósito de "homenagear o Presidente José Eduardo dos Santos enquanto primeiro diplomata angolano".
O reitor da Universidade Lusíada lembra que o antigo Chefe de Estado fez o primeiro discurso de Angola na Organização para a União Africana, hoje União Africana, quando o país foi admitido como membro, da mesma forma que também discursou nas Nações Unidas aquando da adesão angolana.
"Portanto, o livro é uma homenagem ao Presidente José Eduardo dos Santos e é o reconhecimento do papel de Angola na diplomacia multilateral, no sentido de criar condições de confiança entre os vários actores da região dos Grandes Lagos", sublinha Mário Pinto de Andrade.
Segundo o académico, o ex-líder angolano quebrou o ambiente de desconfiança que "minava" as relações entre os Chefes de Estado e de Governo da Região dos Grandes Lagos, favorecendo a transformação de Luanda na "placa giratória da resolução de conflitos" regionais.
"Todos os líderes iam permanentemente a Angola, todos eles participavam nas conferências que se realizavam em Luanda, todos compareciam quando eram chamados por José Eduardo dos Santos para concertar qualquer problema em relação à região. Portanto, Angola desenvolveu uma diplomacia dinâmica, actuante e de destaque, que é preciso valorizar", reforça o reitor, insistindo no peso do antigo Chefe de Estado nesse processo.
"O Presidente dos Santos viajava pouco, mas a sua autoridade moral e política ao nível da região fazia com que os grandes estadistas, sempre que fosse necessário fazer uma concertação bilateral ou multilateral, seguissem para Luanda", frisa Mário Pinto de Andrade, confiante na continuidade deste legado.
"Espero que com João Lourenço isso também possa acontecer", conclui.