Segundo os camionistas, a situação agravou-se desde que os órgãos de defesa e segurança, a nível do Zaire, decidiram impedir os camionistas de entrarem na RDC com os reservatórios abastecidos, porque suspeitam da prática de contrabando.
Entretanto, a Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA) diz haver excessos por parte das autoridades policiais na sua actuação contra os camionistas.
Conforme a ATROMA, os camionistas estão proibidos de andar com reservatórios cheios, o que dificulta a continuidade da viagem.
Ao Novo Jornal, alguns disseram que, para fazerem a viagem de Luanda a Cabinda, têm de ter no mínimo 600 a 300 litros de combustível de reserva.
Segundo os camionistas, se a fiscalização da polícia for apenas relativa aos reservatórios adulterados, "aí tudo bem", mas não percebem por que razão estão a impedir o abastecimento dos reservatórios de fabrico original.
Ao Novo Jornal, contam que são igualmente contra as adulterações dos reservatórios, e asseguram que apoiam a luta contra o contrabando de combustível, quando for justa.
Segundo a ATROMA, com os reservatórios originais abastecidos, a situação que agora vivem não aconteceria, e os camionistas sairiam de Luanda para Cabinda, sem problemas.
"Nem sequer abastecíamos no Zaire, porque sempre houve dificuldades de combustível", contou Siona Cadizingo, camionista há 20 anos.
António Gavião Neto, presidente da ATROMA, disse ao Novo Jornal que os camionistas estão a ser confundidos com os contrabandistas, e pede às autoridades para não fazerem isso.
Segundo António Gavião Neto, no município do Nzeto, houve recentemente a detensão de muitos camionistas por suspeita de contrabando, mas quando levados ao juiz de garantias, não houve sequer indícios de contrabando e foram libertados por insuficiência de provas.
Para a ATROMA, não faz sentido as autoridades suspeitarem de contrabando nos reservatórios originais dos camiões.
"Não faz sentido porque estes equipamentos são de fábrica, e quando chegam a Angola são inspeccionados e licenciados. Não faz qualquer sentido o seu impedimento", contou.
Os camionistas afirmam que caso a situação continue, não descartam a possibilidade de paralisação nos próximos dias.
Sobre o assunto, o Novo Jornal tentou sem sucesso obter esclarecimento das autoridades policiais do Zaire.
Vale lembrar que, em Novembro do ano passado, a Sonangol tentou impor limites na venda de combustível em bidões e nos veículos, mas recuou na decisão por existirem no País localidades onde não há postos de abastecimento, como noticiou o Novo Jornal na ocasião.
Na altura, os camionistas reagiram mal à decisão da petrolífera, afirmando que a situação traria constrangimento à vida das pessoas, sobretudo fora das cidades.
Ao Novo Jornal, vários camionistas disseram que a maior parte dos camiões têm adulterados os depósitos, não para o contrabando de combustível, mas porque não há postos de abastecimento em diversas localidades do País por onde viajam e que já tiveram experiências desagradáveis, por não terem reservatório.
A ATROMA diz que apoia a actuação da polícia contra os reservatórios adulterados, mas é contra o impedimento naqueles que são originais e licenciados.