"A pandemia de covid-19 e a dramática redução nos preços do petróleo minaram os esforços das reformas, exacerbando a situação macroeconómica que já era frágil, e limitando as perspectivas para uma rápida recuperação económica", lê-se no suplemento às Perspectivas Económicas Regionais, o relatório anual do BAD sobre as economias africanas.

O documento, que revê fortemente em baixa as estimativas apresentadas no final de Janeiro, antevê uma queda do PIB em Angola entre 3,1%, no cenário base, que pode ir até 5,3% no cenário mais grave.

"A redução da receita fiscal ligada ao petróleo, que representa cerca de 60% do total da receita, vai contribuir para um défice orçamental que pode ir de 4,4% do PIB até 9,7%", no cenário mais pessimista.

No documento, que coloca Angola em 43º lugar dos 54 países africanos e em 170º dos 195 países a nível mundial em termos de preparação do sistema de saúde (Índice Global de Segurança Sanitária), os analistas do BAD alertam que "as perspectivas sombrias de crescimento, num contexto em que o país entra no quinto ano de recessão, vão aumentar os desafios sociais num país com 32% de desemprego".

Nas previsões originais, apresentadas no final de Janeiro, o BAD previa um crescimento de 2,8% e uma inflação de 11,2%, com um excedente orçamental de 0,1%, que agora se degradou para 4,4%.

África passou na quarta-feira o meio milhão de casos de covid-19 e o número de mortos subiu para 11.955, mais 333 nas últimas 24 horas, segundo os dados mais recentes sobre a pandemia no continente.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infectados subiu para 508.086, mais 16.336 nas últimas 24 horas, enquanto o número de recuperados era, na quarta-feira, de 245.068, mais 8.702.

Angola tem 386 casos confirmados de covid-19 e 21 mortos.

O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egipto em 14 de Fevereiro e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infecção, em 28 de Fevereiro.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 545 mil mortos e infectou mais de 11,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.