"Reiteramos a nossa abertura para o diálogo sem pré-condições", disse o Chefe de Estado moçambicano, falando durante uma cerimónia de graduação na Academia de Ciências Policiais (Acipol) em Maputo.
Num momento em que se agrava a crise política em Moçambique, com registo de 19 ataques contra alvos civis e militares em duas semanas atribuídos à Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), Filipe Nyusi disse que ninguém deve encorajar o porte ilegal de armas, acrescentando que o diálogo entre as partes envolvidas deve respeitar a ordem jurídica do país.
O Chefe de Estado declarou ainda que o Governo moçambicano tudo fará para continuar a garantir a segurança da população, que deve "dedicar a sua atenção ao desenvolvimento de Moçambique".
Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo ameaça tomar o poder em seis províncias do Norte e Centro do país, onde o movimento de oposição reivindica vitória nas eleições gerais de Outubro de 2014. Esta é a pior crise no país desde o Acordo de Cessação de Hostilidades Militares, assinado a 5 de Setembro de 2014 pelo ex-Presidente Armando Guebuza e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
Apesar de dois encontros entre Nyusi e Dhlakama, no início de 2015, a violência política voltou a agravar-se nos últimos meses, com acusações mútuas de ataques, raptos e assassínios. Recentemente, ataques atribuídos à Renamo, na província de Sofala, levaram as autoridades a montar dispositivos de escoltas militares obrigatórias a viaturas civis em dois troços da N1, a principal estrada do país.
A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo, que se encontra bloqueado há vários meses.
O Presidente Filipe Nyusi tem reiterado a sua disponibilidade para se encontrar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada para conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição, que integraria as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição. Dhlakama acrescenta que só retomará o diálogo após a tomada de poder no Centro e Norte do país.