A lição transmite-se de pai para filha. "Tu não podes aceitar nunca um facto histórico sem primeiro o conferir", previne ele, enquanto ela contrapõe: "Se está no livro, é porque está conferido.

Ele Daniel, ela Daniela, ambos Nunes, os dois estão no centro de um diálogo marcado por ensinamentos paternos. Como este, em que se questiona a factualidade dos manuais. "Quem domina impõe regras e escreve a História", lembra Daniel nascido e criado em Cabo Verde.

Dono de uma das maiores bibliotecas sobre a África lusófona, Daniel Nunes, de 83 anos, instiga a filha Daniela, de 12 anos, a reflectir sobre distorções de poder.

"Eu acho que não há nenhum colonialismo que seja bom, porque é sempre ocupação, com um povo dominador e um outro dominado. Quem tem a arma na mão é que tem a justiça, porque tem o poder de tirar-te a vida".

De conversa em lição, assim se constrói o argumento do documentário "Daniel e Daniela", da autoria da jornalista Sofia Pinto Coelho.

A produção, que se estreia na próxima quinta-feira, 15, em Lisboa, no Cinema City Alvalade, acompanha a viagem de pai e filha por Cabo Verde, São Tomé e Guiné-Bissau.

O périplo, conta Daniel no filme, começou por ganhar forma quando ouviu Daniela falar num "colega escurinho". "Desatei-me a rir e perguntei: "O que é isso de escurinho?". Achei que estava na altura de ela saber quem nós éramos. Para isso é preciso conhecer as raízes".

O resultado exibe-se agora no grande ecrã, entre planos que abordam colonialismo, racismo, educação e desenvolvimento.

"Daniel e Daniela" está em cartaz em Lisboa, no Cinema City Alvalade, a partir da próxima quinta-feira, 15, em dois horários: 13h25 e 19h30

No Porto haverá uma sessão especial às 21h30 do dia 15, no Cinema Trindade