O ex-futebolista morreu cerca das 4h30 locais, 5h30 em Luanda, de paragem cardiorrespiratória. O antigo desportista tinha uma saúde frágil e sofrera um AVC em 2012 na Polónia, enquanto acompanhava a selecção portuguesa de futebol no Campeonato da Europa.
A notícia da morte foi avançada à agência Lusa por fonte do Benfica, clube que na sua página oficial no Facebook assumiu a "surpresa" pelo desaparecimento de Eusébio.
"Vamos recordar o talento, o exemplo e o carácter de um homem que marcou o futebol português e se transformou numa referência do futebol mundial", lê-se na nota.
Eusébio nasceu a 25 de Janeiro de 1942 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique, quando o território integrava o império colonial português. O quarto filho de um angolano branco e de uma mulher moçambicana, Eusébio cresceu no bairro pobre de Mafalala. Ao jornal A Bola, o astro recordava os puxões de orelhas dados pela mãe, insatisfeita pelo filho preferir o futebol aos estudos.
Mas a opção foi feliz. Iniciou a sua carreira desportiva nos Brasileiros Futebol Clube de Moçambique, uma formação amadora, tendo depois integrado o Sporting de Lourenço Marques após não ter passado nos testes do Desportivo de Lourenço Marques, filial do Benfica na cidade moçambicana - consideraram-no "franzino, pequenino". Os relatos unânimes de um jovem fenómeno chegaram rapidamente a Lisboa, onde Benfica e Sporting disputaram a contratação de Eusébio. Seriam os encarnados a vencer o processo.
Eusébio estreou-se com a camisola do Benfica em Maio de 1961 e em Outubro do mesmo ano chega à selecção de Portugal. Conquistaria onze campeonatos nacionais de futebol pelos encarnados, cinco Taças de Portugal e uma Taça dos Campeões Europeus (onde foi finalista três vezes).
Foi sete vezes o melhor marcador do campeonato português, duas vezes o melhor marcador europeu e futebolista europeu do ano em 1965, entre outras honras.
Pela selecção lusa, foi eleito o melhor jogador do Campeonato do Mundo de 1966, onde Portugal ficou em terceiro lugar. Naquele torneio seria imortalizada a exibição de Eusébio contra a Coreia do Norte: Portugal perdia por 3-0 antes da meia-hora de jogo e coube a Eusébio dar a volta ao marcador. José Augusto ainda fez um quinto golo, estabelecendo o 5-3 final.
O futebolista teve várias propostas de clubes estrangeiros no auge da carreira, mas o Estado Novo (há quem diga o próprio Salazar) terá agido sempre no sentido de manter aquele "património" dentro de fronteiras. Por Lisboa, Eusébio casa com Flora e tem duas filhas: Sandra e Carla.
Eusébio poderia ter ido ainda mais longe, mas a sua carreira foi prejudicada por várias lesões graves. O futebolista foi operado sete vezes aos joelhos.
Em declínio, e depois de abandonar o Benfica em 1975, Eusébio ainda contabilizou passagens modestas pelos Estados Unidos, México e Canadá (já depois da queda do Estado Novo), e em Portugal pelo Beira-Mar e a União de Tomar. Despediu-se dos relvados em 1979, mantendo-se sempre próximo do Benfica e da selecção portuguesa.
Durante décadas, e até ao surgimento de Luís Figo e sobretudo de Cristiano Ronaldo, Eusébio era incontestavelmente considerado o melhor jogador português de sempre. Adorado e respeitado pelos adeptos encarnados mas também pelos rivais, Eusébio teve mesmo direito a uma estátua ainda em vida, junto ao Estádio da Luz.