Entre as conclusões divulgadas em comunicado e depois explicadas pelo governador do BNA, José de Lima Massano, o CPM tomou a decisão de manter a taxa básica de juro (Taxa BNA) em 20% ao mesmo tempo que aponta para uma redução do coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional de 22% para 19% e a manutenção do coeficiente das reservas obrigatórias em moeda estrangeira em 22%.

"Pese embora as incertezas e os riscos associados ao contexto económico externo e potenciais impactos sobre a economia nacional ainda em fase de recuperação, o actual curso da política monetária mantém-se adequado para o alcance do objectivo da inflação", nota ainda o CPM.

Deste sumário da reunião sobressai o sublinhado aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que apontam para uma desaceleração da inflação em 0,44 pontos percentuais no mês de Abril e para uma taxa de variação da inflação mensal nacional nos 1,12%, "o nível mais baixo desde Julho de 2019", enquanto em Luanda esta fixou-se nos 0,97%, representando "a taxa mais baixa desde Maio de 2015".

Os 27,61 % de inflação registados em Abril, deverão, nos próximos dois meses, sofrer um abrandamento face à esperada continuação da redução do crescimento dos preços.

O CPM observou ainda que, no mercado cambial, foram transaccionado em Maio 1,08 mil milhões de dólares norte-americanos, um aumento de 14,20%, comparativamente aos 944,10 milhões do mês de Março.

Notou ainda este órgão do BNA que a moeda nacional manteve a tendência de apreciação face ao dólar norte-americano, tanto em termos reais como nominais.

"No mês de Abril, a taxa de câmbio (média) situou-se em USD/AOA 405,62 contra USD/AOA 446,44 do mês anterior, o que representou uma apreciação mensal de 10,06% e acumulada no ano para 36,82%", avança o documento.

Massano aproveitou para, segundo a RNA, esclarecer que a perda observada pela moeda nacional face às principais moedas internacionais, nos últimos dias de Maio, é fruto do sistema de flutuação vigente e, portanto, normal, não estando em causa o equilíbrio cambial do Kwanza.

Neste contexto sobressai ainda, dados referentes a finais do mês de Abril, que o stock das reservas internacionais estava em 15,34 mil milhões de dólares norte-americanos, acima dos 14,40 mil milhões de dólares norte-americanos registado em Março de 2022, o que corresponde a uma cobertura de 10,10 meses de importações de bens e serviços.

Comentando esta reunião do CPM, José de Lima Massano, citado pela imprensa local, sublinhou a consolidação e o equilíbrio do Kwanza, que notou não estar a sofrer alterações há vários dias, o que é um "indicador de que o que está a acontecer é positivo".

Ainda sobre a questão cambial, Massano destaca que um grande número de empresas, entre estas muitas de grande dimensão e com necessidades de importações constantes, optam normalmente por taxas de campo "do momento" quando o ideia é que este seja definido com prazo porque o sentimento no mercado é de apreciação do Kwanza.

Esta questão é relevante porque, explicou o governador do BNA, muitos importadores, com reservas de divisas consideráveis, retardam as suas operações na expectativa de que o câmbio baixe para depois absorverem os ganhos dai resultantes por dispõem já de moeda adquirida a valores em melhores condições.

No geral, o BNA espera uma continuação da situação de equilíbrio cambial da moeda nacional e só perante uma flutuação anormal é que o Banco Central poderá agir de forma a corrigir eventuais anomalias.

Contexto mundial

Este órgão do Banco Central sublinha que segue com elevada atenção os desenvolvimentos de âmbito global dos quais destaca o agravamento da tensão geopolítica no Leste Europeu, devido à guerra na Ucrânia, cujos efeitos se evidenciam "no aumento dos preços das commodities, sobretudo energéticas e agrícolas".

Sublinha o CPM do BNA que o FMI procedeu à revisão em baixa da taxa de crescimento da economia mundial para 3,6% em 2022 e prognosticou também o mesmo nível de crescimento para 2023, com este cenário a resultar do crescente número de casos da Covid-19 em países como a China e as tensões geopolíticas entre a Rússia e a Ucrânia, "que estão a afectar em larga escala o comércio internacional".

Lembra ainda o CPM que "a subida de preços das commodities agravou as pressões inflacionistas que a economia mundial vem enfrentando", enfatizando a elevada inflação nos EUA, que chegou aos 8,3% em Abril, o mais elevado em 40 anos, tendo a mesma tendência sido observada na zona euro.

Na proximidade geográfica da África Austral, este movimento tem mostrado seguir em sentido contrário, com um arrefecimento das pressões inflacionistas, destacando o CPM os casos de Angola, Zâmbia e Botsuana.