De acordo com o jornal i, Hélder Bataglia, líder da Escom, e Luís Horta e Costa e Pedro Pereira Neto, administradores da empresa, foram constituídos arguidos num processo sob investigação do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) da Procuradoria-Geral portuguesa.
Segundo conseguiu saber o diário português, o BdP falou com Ricardo Salgado para lhe transmitir as preocupações com que o regulador do sector bancário português está a acompanhar todo este processo que corre no DCIAP.
As preocupações do BdP, de acordo com o jornal, decorrem de um ponto em particular do comunicado distribuído esta semana pelo conselho de administração daquela empresa da área não financeira do grupo GES, quando estes escrevem que "sempre actuaram com total conhecimento e concordância dos seus então accionistas - e de outra forma não poderia ser".
Com esta declaração, depreende-se que os actos praticados pelos gestores terão recebido autorização do grupo liderado por Ricardo Salgado, já que este detinha 75% do capital social da Escom à data da adjudicação da compra de dois submarinos ao German Submarine Consortium pelo governo de Santana Lopes, indicou o diário.
Os indícios recolhidos pelo DCIAP estão, no entendimento da Escom, relacionados com a "distribuição de resultados a títulos de prémios, remunerações ou distribuição de dividendos" - visão com a qual os procuradores do DCIAP discordam.
O i escreveu que foi essa responsabilização que esteve na origem das preocupações do BdP e que a instituição espera que Ricardo Salgado clarifique a intervenção do GES no caso dos submarinos.
O i contactou o BdP, mas fonte oficial declinou qualquer comentário. O jornal tentou também obter esclarecimentos da parte do GES ao comunicado dos administradores da Escom, mas até ao fecho da edição não obteve qualquer resposta.
A Operação Furacão [em que estão sob escrutínio os crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais], os processos de privatização da EDP e da REN [indícios da prática do crime de abuso de informação privilegiada], a venda de acções da EDP entre o BES Vida e o BES [inside trading] e a venda da participação de 75% na Escom à Sonangol [os angolanos terão transferido 85 milhões de euros, cujo rasto está a ser investigado] são todos casos que envolvem responsáveis do GES e que têm estado sob investigação do DCIAP nos últimos meses.