O documento refere que, no global, a balança de pagamentos registou, nos primeiros três meses de 2022, um saldo deficitário na ordem de 278,6 milhões de dólares norte-americanos, o que representa uma melhoria face ao défice do trimestre anterior que foi avaliado em 1.079,9 milhões de dólares norte-americanos.

A posição líquida do investimento internacional registou, igualmente, uma melhoria do seu défice que se cifrou em 21.069,9 milhões USD, contra os 24.478,6 milhões do trimestre anterior.

Esta evolução positiva da conta corrente é justificada, essencialmente, pelo aumento dos excedentes da conta de bens, pese embora o agravamento do défice das contas de rendimentos primários e secundários, refere o documento.

O saldo da conta de bens passou de 6.878,2 milhões de dólares norte-americanos no quarto trimestre de 2021 para 8.910,6 milhões de dólares norte-americanos no primeiro trimestre deste ano, um aumento considerável, justificado pela recuperação do preço médio dos principais bens (matérias-primas) exportados por Angola, nomeadamente, petróleo bruto, gás e diamantes.

As receitas de exportação, segundo o documento publicado na página oficial do BNA, aumentaram em 2.538,8 milhões de dólares norte-americanos, ao situarem-se em 12.562,2 milhões de dólares norte-americanos, contra 10 023,5 milhões USD do trimestre anterior, fortemente impulsionado pelo sector petrolífero.

O preço médio de petróleo bruto (ramas angolanas) registou um crescimento de 30,1%. Apesar da ligeira redução do volume exportado de petróleo bruto, o aumento do preço revelou-se suficiente para expandir as exportações, refere o relatório, onde se lê igualmente que a variação do preço de petróleo teve um efeito positivo sobre o valor exportado na ordem dos 101,3%, ao passo que o comportamento das quantidades apresentou um efeito negativo de 1,8%.

A carteira de exportações do sector não petrolífero continua a apresentar um peso residual, e muito dependente do sector diamantífero, cujas exportações aumentaram de 396,3 para 479,1 milhões de dólares norte-americanos.

As exportações dos restantes produtos (café, pescado, madeira, cimento, bebidas e outros), que representaram apenas 0,4% do valor total, contraíram em 0,3%, ao situar-se em 51,7 milhões de dólares norte-americanos, contra os 51,9 milhões de dólares norte-americanos do último trimestre de 2021.
O relatório aponta como principais países de destino da exportação de petróleo bruto angolano a China, que se manteve na liderança, com uma quota de cerca de 63,4%, seguida da Índia e França, com 9,4% e 5,5%, respectivamente.

Quanto aos principais países de destino dos diamantes exportados, os Emirados Árabes Unidos mantêm-se na liderança, com cerca de 73,2% do valor total, seguido da Bélgica com 13,6% e de Hong Kong com 4,3%.

O valor das importações de bens no primeiro trimestre cifrou-se em 3.651,6 milhões de dólares norte-americanos, contra 3 145,3 milhões do trimestre antecedente, representando um incremento de 16,1%.

O crescimento das importações foi observado em grande parte das categorias de produtos, com realce para os produtos químicos (207,7 milhões de dólares norte-americanos), os combustíveis (114,9 milhões de dólares norte-americanos), as máquinas, aparelhos mecânicos e eléctricos (88,2 milhões de dólares norte-americanos) e os materiais de construção (72,0 milhões de dólares norte-americanos).

O relatório indica que o País continua a importar, maioritariamente, bens de consumo corrente, com um peso de 66,3% na estrutura das importações, enquanto o peso dos bens de capital e de consumo intermédio foi de 21,7% e 12,0%, respectivamente.

Os principais parceiros comerciais de Angola no primeiro trimestre de 2022, no que diz respeito à procedência das importações foram a China (13,5%), Bélgica (12,6%), Portugal (12,1%), Países Baixos (6,4%) e Brasil (5,1%), perfazendo 49,8% do valor total das importações.

De lembrar que, de acordo com as estimativas económicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) , o Produto Interno Bruto (PIB) global deverá desacelerar de uma estimativa de 6,1% em 2021 para 3,6% em 2022 e 2023, fortemente influenciadas pelo conflito no Leste da Europa, tensões geopolíticas, os desafios crescentes na cadeia logística de distribuição e as interrupções no comércio internacional.

Estes factores e os desequilíbrios entre a procura e a oferta de bens têm agravado as pressões inflacionárias, prevendo-se uma inflação de 5,7% nas economias avançadas e 8,7% nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, o que tem exigido a adopção de uma política monetária restritiva.

Ainda de acordo com o FMI, o PIB da região subsariana deverá crescer 3,8% em 2022, devido à contribuição, sobretudo, dos países produtores de petróleo. No caso de Angola, o PIB registou um crescimento de 2,6% no primeiro trimestre de 2022, de acordo com as Contas Nacionais publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com previsões da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2022 o comércio internacional de mercadorias deverá registar um crescimento de aproximadamente 4,7%.