O Caminho de Ferro de Luanda queixa-se também de um aumento significativo de roubos dos fixadores da linha férrea (que servem para prender as travessas da linha), uma situação que pode vir ao causar descarrilamento dos comboios.

A TCUL teve, só em Janeiro deste ano, 21 autocarros vandalizados, e assegura que os autocarros mais recentes, os da marca Volvo, são destruídos diariamente por populares ainda não identificados que arremessam pedras.

As zonas da Shoprite, do Palanca, no troço entre a Estalagem e o Grafanil Bar, são para a TCUL as mais críticas em termos de vandalização de meios.

O Caminho de Ferro de Luanda tem as zonas da Boavista, Sambizanga, Cazenga e Viana como sendo as de maior risco.

O porta-voz do CFL, Augusto Osório, disse ao Novo Jornal que em causa está a situação da segurança das pessoas que andam nos comboios e sugere uma maior actuação policial e dos órgãos de justiça.

Segundo Augusto Osório, as 12 locomotivas que o CFL recebeu foram já todas alvo de vandalização, sobretudo de apedrejamento, o que resultou em vários vidros partidos.

"Fomos forçados a substituir os vidros, mas mesmo assim continuam com a destruição dos meios", lamentou.

Augusto Osório referiu que há casos de locomotivas que tiveram de ficar dias imobilizadas por causa dos danos provocados pelo vandalismo.

"As zonas do Sambizanga, Cazenga e Viana são as mais críticas, embora já tenhamos registado actos idênticos nas cidades do N"Dalatando, no Kwanza-Norte, e de Malanje", contou.

"Não temos nenhuma carruagem com os vidros intactos. Todas elas já foram alvo de apedrejamentos, em que muitas vezes essas pedras acabam por ferir passageiros e maquinistas no interior dos comboios", explicou.

Quanto aos níveis de roubo de material da linha férrea, que prejudicam o CFL, Augusto Osório, explicou que diariamente são furtados em todo o corredor da Província de Luanda e do Kwanza-Norte os fixadores da linha.

"São fixadores que servem para prender o carril na linha e que dão sustentação e segurança à própria linha e aos comboios", afirmou, acrescentando que se o comboio passar sem a presença destes fixadores, o resultado é um descarrilamento.

Segundo o porta-voz do CFL, é necessário que se fiscalize as casas de compra de material ferroso e que se responsabilize severamente os prevaricadores.

Augusto Osório salientou que a direcção do CFL encontra muitas dificuldades para aquisição destes materiais no exterior do País, visto que não são produzidos em Angola.

Já a TCUL assegurou, em comunicado de imprensa, este mês, que perdeu 14,5 milhões de kwanzas com os 21 autocarros vandalizados este ano, em menos de 40 dias.

Com a paralisação dos veículos vandalizados por indivíduos desconhecidos, os autocarros articulados deixaram de transportar 190 mil passageiros, no período das 5:00 às 12:30, e 2.600 no turno das 12:30 às 21:00, afirmou a TCUL.

Segundo a nota, com a paralisação dos autocarros, durante uma semana, a TCUL diminuiu a sua capacidade de transporte de passageiros, o que provocou um aumento significativo no tempo de espera nas paragens por parte dos utilizadores deste meio de transporte.

Eliseu Machado, administrador para a área técnica da TCUL, disse aos jornalistas que a frota que tem sido mais vandalizada é a de marca Volvo que a empresa recebeu em 2019.

Tanto Augusto Osório, do CFL, como Eliseu Machado, da TCUL, garantiram que as autoridades policiais e o Serviço de Investigação Criminal (SIC) estão a par da ocorrência.