Desde que o Presidente norte-americano assumiu o poder, em 2016, uma das suas primeiras medidas foi declarar "formalmente" uma guerra comercial à China, acusando o gigante asiático de "roubar" mais de 500 mil milhões USD aos Estados Unidos através de uma política injusta de apoios estatais às empresas exportadoras, subvertendo as regras do mercado, e de furto de tecnologia, ou ainda de espionagem industrial e militar.
Das acusações à acção foi um piscar de olho, com Donald Trump a aplicar tarifas sobre tarifas aos produtos Made in China que chegam aos EUA. Que já somam mais de 300 mil milhões de dólares em bens taxados, o que levou Pequim a ripostar com a aplicação de tarifas a quase 100 mil milhões de importações Made in USA.
Isto gerou, durante estes quase três anos, uma contínua fragilização da economia mundial, afectando as outras grandes economias mundiais, como a da Alemanha, que se viu apertada entre a recessão e o crescimento anémico, mas também os mais frágeis de todos, os países subdesenvolvidos que têm as suas economias dependentes das exportações de matérias-primas, como o Petróleo e como é o caso de Angola.
A guerra comercial Pequim-Washington, não sendo o único factor, tem sido um dos mais importantes entraves à subida do valor do barril nos mercados internacionais, afectando de forma incisiva a economia Angolana, devido à sua histórica dependência das exportações de crude, mas também de outros países, como a Nigéria ou mesmo o gigante Arábia Saudita.
Mas, como, alias, se reflectiu já hoje nos mercados petrolíferos, onde o barril de Brent, vendido em Londres, está a observar uma subida de 1,40%, para os 62,60 USD, impulsionado pelas boas novas de um aproximar palpável a uma "acordo de paz" entre os EUA e a China, que, claramente, libertará a economia global para novos voos, ajudando igualmente ao "take off" do "ouro negro" para patamares desejados pelos países produtores.
Mas, esse momento de alívio, a chegar, chegará por fases, porque, como refere a Reuters, o que está em cima da mesa das equipas negociais de Pequim e Washington é uma redução paulatina das tarifas acrescentadas nestes últimos dois anos, estando isso dependente de um acordo que poderá ser assinado já nas próximas duas a quatro semanas.
O anúncio desse acordo foi feito hoje pelo porta-voz do Ministério do Comércio chinês, que, ao mesmo tempo, assumia a possibilidade de acertos de última hora poderem atirar a assinatura do documento final para o mês de Dezembro, embora isso chegasse a estar previsto já para este mês.
Não foram definidos montantes para as tarifas a retirar logo após a assinatura do documento, que terá direito a Cimeira de Chefes de Estado, sabendo-se, todavia, que as condições gerais passam por Trump diminuir as tarifas sobres os bens Made in China e a China assumir a obrigatoriedade de importar mais bens Made in USA, especialmente produtos agrícolas, mas também na área das tecnologias.
Para já, as agências internacionais, como a Bloomberg, escrevem que os mercados financeiros desejam ardentemente este acordo, perspectivando-se que esse momento possa marcar a saída do marasmo económico que o mundo vive deste pelo menos 2016, muito por causa desta "guerra" de tarifas.
Prevê-se que, a par das bolsas tecnológicas, por causa das sanções dos EUA aos gigantes chineses do sector, como a Huawei, os mercados petrolíferos são aqueles onde se esperam maiores subidas.
Para já, estando a correr bem as negociações finais, falta ainda definir o local da Cimeira entre Xi Jinping e Donald Trump para a assinatura do tratado de paz que porá fim a esta guerra que se trava no campo de batalha económico.