Nos últimos 19 anos, Angola vive um período de paz efectiva, após o "calar" das armas em Abril de 2020. No campo económico, a economia angolana ficou marcada por momentos de altos e baixos, com destaque para os tempos áureos do "boom" petrolífero e para as sucessivas crises que, segundo especialistas consultados pelo Novo Jornal, colocaram em "xeque" todos os fundamentos da economia nacional.

Para o economista Sérgio Calundungo, "o grande ganho em termos económicos foi, sem dúvidas, o fim do conflito que tornou mais fácil a circulação de pessoas e bens pelo País". O especialista refere que o "calar" das armas abriu portas para o desenvolvimento económico, uma vez que permitiu, nos primeiros anos, a exploração de recursos naturais, de campos agrícolas, assim como a construção de infra-estruturas, como são os casos das barragens e das estradas.

"Na óptica do consumo, os cidadãos passaram a ter mais acesso a produtos agrícolas produzidos em várias regiões anteriormente inacessíveis devido à guerra", afirmou o especialista.

Para Calundungo, o fim do conflito e o "boom" do petróleo também ajudaram no surgimento de uma pequena elite empresarial que, ao abrigo de uma estratégia a que se convencionou chamar de "acumulação primitiva de capitais", se tornou tão rica, inviabilizando uma série de projectos, principalmente os ligados às infra-estruturas.

"O que infelizmente deveria ter acontecido é que todo o dinheiro, quer o proveniente do petróleo, quer o proveniente das linhas de crédito obtidas de várias fontes, não foi utilizado de modo adequado a criar bases sólidas para a diversificação da economia e criação de riqueza para alavancar, de forma sustentável e robusta, sectores que uma vez em paz teriam tudo para dar um grande salto. Refiro-me, por exemplo, aos sectores da agricultura, indústria transformadora e turismo", acentuou o economista.

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