Mas a crise económica global alimentada pela guerra na Ucrânia, com a inflação a subir em flecha nas grandes economias ocidentais, com o ruidoso anúncio de uma recessão nos EUA e o risco de fecho de grande parte da indústria europeia dependente do gás russo, devido às sanções de Moscovo - corte do fornecmento - às sanções... europeias, também não está a deixar o barril flutuar sem sobressaltos.
Face a este cenário tempestuoso, os mercados voltaram a parecer uma montanha-russa, num sobe e desce impróprio para traders com estômago fraco, estando, hoje, perto das 12:00, hora de Luanda, a valer abaixo dos 90 USD, de novo, nos conratos para Outubro, chegando aos 99,9 no Brent de Londres, que serve de referência às exportações angolanas, e aos 83,6 no WTI de Nova Iorque, uma descida com bandeira vermelha e à beira dos 2% de um e do outro lado do Atântico.
Esta é uma má notícia para o novo Governo angolano, especialmente para a reempossada ministra das Finanças, Vera Daves, que vai ter de lidar com um barril em queda, apesar de ainda numa fasquia tranquilizadora, mas substancialmente menos do que era preciso para enfrentar com renovado empenho o combate à crise económica nacional, respondendo aos igualmente renovados desafios da V Legislatura anunciados pelo reempossado Presidente João Lourenço: combater a fome, a pobreza e o desemprego.
Isto, porque o petróleo ainda responde por 95% das exportações nacionais, 35% do PIB e perto de 60% das receitas fiscais.
Face a este contexto global, o segundo maior inimigo do crude em alta, logo depois do excesso de oferta, a redução da procura motorizada pela crise, de onde sobressai a subida das taxas de juro, por exemplo, usada pelos bancos centrais para combater a inflação, também se está a mostrar agressivamente, com as principais agências económicas a sublinhar isso mesmo, uma já visível descida da procura a forçar a perda nos mercados que "desenham" o sobe e desce do negócio global do "ouro negro".
Com os olhos sempre postos na crise do gás russo na Europa, o crude vai, forçosamente, depender na sua perda ou ganho de valor, da capacidade europeia de enfrentar a crise energética este Inverno.
Ou seja, se os russos fecharem mesmo a torneira do gás como sanção às sanções europeias por causa da guerra na Ucrânia, e se as reservas alemãs ou italianas, não estiverem compostas - e é esse o caso -, então os preços poderão disparar no futuro.
Mas, até lá, até ser claro que essa esperada crise se agigante ensombrando o futuro da Europa ocidental, o barril de crude ainda deverá afundar... sendo o seu principal peso a forçar a submersão a valorização recorde de duas décadas do dólar norte-americana.