Com esta decisão, os principais mercados de referência mundial, como o Brent, de Londres, onde é definido o valor médio das exportações angolanas, e o WTI, que marca o preço diário do crude consumido nos EUA, estavam hoje, perto das 16:00, com uma subida ligeira, para 30,05 USD por barril, mais 1,38% que na segunda-Feira, referente aos contractos de Julho, e para 25,27, mais 4,50%, para contractos de Junho, respectivamente.
Com esta decisão, a Arábia Saudita vai, a partir de 01 de Junho, passar a produzir 7,5 milhões de barris por dia (mbpd), muito longe do seu potencial máximo, que chega aos 12 milhões de barris por dia, deixando claro que o maior exportador mundial está empenhado em combater as principais causas que levaram à derrocada dos preços do barril nos últimos meses: Um buraco de 30 mbpd entre a procura pré-pandémica e a oferta em Abril.
Riade, recorde-se, tal como Moscovo, foram os grandes responsáveis pelo pesadelo que se abateu sobre os países produtores em Março quando abriram uma frente de guerra de preços quando a OPEP+, que agrega os países exportadores (OPEP) e a Rússia, não chegaram a acordo sobre os cortes a efectuar para reequilibrar os mercados, fustigados pela crise económica gerada pela pandemia da Covid-19.
O Brent chegou a estar a valorizar o barril de crude abaixo dos 19 USD em Abril enquanto o WTI, numa perda de valor histórica, chegou a valer 40 USD negativos nesse mesmo mês.
No entanto, como sublinham os analistas, a evolução dos mercados petrolíferos depende em grande medida daquilo que for a evolução da pandemia da Covid-19, se, com a reabertura das grandes economias não surgir uma segunda vaga da doença, e se o progressivo desconfinamento permitir ou não o regresso da normalidade até ao momento em que for encontrada uma vacina ou outro tipo de cura.
Isto, porque, com a crise que surgiu no rasto da Covid-19, o mundo passou de um consumo de cerca de 100 milhões de barris por dia em Dezembro de 2019 para menos de 70 mbpd em finais de Abril, o que significa que desapareceram no lado da procura 30 mbpd, muito mais que os 10 mbpd que a OPEP+ acordou há duas semanas extrair à sua produção normal.
Para já, com este anúncio dos sauditas, segundo a Reuters, outros países produtores como o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos, ou ainda o Kazaquistão, já admitiram que vão seguir o exemplo de Riade e começar igualmente a reduzir as suas produções à margem dos acordos existentes no seio da OPEP+.
E, ao mesmo tempo, sendo considerado unanimemente pelos analistas, como uma vitória para os produtores tradicionais, a produção do fracking, ou petróleo de xisto, norte-americano, está a retroceder em valores históricos, sendo a razão principal o seu elevado breakeven, entre 55 e 65 USD por barril, muito acima daquilo que vale o barril em média nos últimos três meses e meio.