Por detrás desta previsão feita pelo "oráculo" de Riade e Moscovo, está a histórica inflação e desemprego que começam a impedir as grandes economias europeias e as norte-americanas, EUA e Canadá, gerados no rasto do conflito na Ucrânia e das sanções ocidentais à Rússia, cujo impacto tem mais de "tiro pela culatra" que "acerto no alvo".
Mas da China, a segunda maior economia mundial e o maior importador de crude planetário, quando o mundo já começava a esquecer os efeitos devastadores da pandemia da Covid-19, que entre o início de 2020 e finais de 2021, fez o mundo esconder-se do mais perigoso inimigo invisível deste primeiro quartel do século XXI, com novos e severos confinamentos impostos por Pequim a milhões dos seus cidadãos para levar a cabo a política oficial de "Covid zero", o que conduz inevitavelmente, como os dados o demonstram, a menor consumo, reduz a procura por energia e dilui o crescimento do gigante asiático assente fortemente no seu poderoso sector exportador.
Em resultado desta paleta de tons pálidos para a economia mundial, que começava a ganhar corres vivas com o equinócio pandémico, a OPEP+ tem anunciado, repetidamente, previsões de menor procura para a matéria-prima, o que é uma desastrosa antecipação de problemas para a economia de países como Angola, fortemente dependentes das suas exportações de energia, sendo que a angolana é dependente em 95 % do total das suas exportações, o petróleo representa 60% das suas receitas anuais e 35% do seu PIB.
E com isso, apesar de se prever que o "cartel" vá inverter agora, no início de Setembro, na sua próxima reunião mensal, o programa de recuperação de produção para uma redução, embora sem certezas e muito menos qual a dimensão, até porque a pressão ocidental para conseguir baixar o preço do barril se mantém forte e coesa no eixo Washington-Bruxelas-Londres, o barril de Brent, referência principal para as exportações angolanas, estava hoje nos 96,69 USD, perto das 14:30, hora de Luanda, quando ainda na terça-feira, 30, pouco antes do fewcho da sessão, bateu nos 105 USD.
Como resumem os analistas das principais casas financeiras globais, este momento de depressão no negócio do crude mundial, não pode ser desalinhado do momento económico actual, fruto das colateralidades da guerra na Ucrânia e das desajeitadas sanções impostas pelos países ocidentais, cujo ricochete ameaça deixar vítimas do lado de quem aperta o "gatilho" destes pacotes de castigos à Rússia pela sua invasão do país vizinho, a 24 de Fevereiro, e que ameaça prolongar-se para lá de 2022 devido ao Inverno que começa a mostrar as suas pontas geladas no leste e norte europeus.
A inflação galopante é uma delas e para a controlar os bancos centrais europeus e norte-americano estão a activar o mecanismo de emergência que é a subida das taxas de juro, a ferramenta a que acodem sempre que os preços sobem entre os consumidores, especialmente nos combustíveis e alimentos, como é o caso, a ponto de se estar a bater recordes de 40 anos nestas latitudes económicas.
Tudo junto da o impressionante número de 900 mil barris diários de petróleo a mais, por dia, no que resta de 2022, o que, se não for corrigido, vai infectar as economias petrodependentes, como é a angolana, cujas consequências são impossíveis de antecipar em toda a sua magnitude, mas é de admitir que, se não forem tomadas medidas contravapor, podem passar por um aumento do custo de vida e uma desvalorização acentuada da moeda nacional, o Kwanza.