Esta decisão do bloco dos 27 países europeus que constituem a União Europeia surge depois de Moscovo anunciar uma nova redução do seu gás pelo gasoduto Nord Stream I para metade do volume actual, que já está em cerca de 40% do habitual antes do início da guerra, a 24 de Fevereiro.

A Gazprom, o gigante russo do gás natural, insiste em explicar a medida com questões técnicas originadas pelas sanções ocidentais à Rússia no âmbito da resposta ocidental à invasão da Ucrânia, nomeadamente na parte da substituição de peças fornecidas por empresas alemãs, como a Siemens, como foi o caso de uma turbina que estava retida no Canadá devido a essas medidas.

Mas os analistas apontam para uma resposta de Moscovo às medidas em curso na Europa ocidental para diluir a dependência do gás russo e, logo, da capacidade de Moscovo influenciar as opções estratégicas europeias, antecipando-se a um momento em que as economias ocidentais do continente europeu deixarão de precisar, como acontece hoje, da energia russa para evitar uma recessão, que é o que os economistas admitem ser o mais provável nos próximos meses, havendo mesmo quem admita um colapso parcial da economia alemã do sector químico e agro-químico, dos mais poderosos da mais poderosa economia da União Europeia.

Com esta redução para 20% do gás que normalmente transita pelo Nord STream I para a Alemanha, Moscovo consegue interromper o processo em curso nos países ocidentais de encher as suas reservas estratégicas para melhor enfrentar o rigoroso Inverno do Hemisfério Norte, onde o consumo desta matéria-prima sobe de forma exponencial ao arrefecimento da temperatura ambiental, que atinge em alguns dos países do norte europeu os 30 graus negativos, ou além disso.

E à boleia desta crise do gás na Europa, o petróleo está de novo a entrar num período de importantes ganhos, estando já acima dos 106 USD, recuperando de uma sucessão de quebras recentes que levou o barril para baixo dos 100 USD, estando este sobe e desce dependente de factores como o efectivar do embargo de crude russo pelos países ocidentais, do regresso de confinamentos na China devido à Covid-19, as ameaças de recessão ou devido às elevadas inflações nas maiores economias planetárias ocidentais, ou ainda dos altos e baixos no consumo de época nos Estados Unidos da América, entre outros, como cortes circunstanciais devido a conflitos, como sucede na Líbia.

Para Angola estas subidas e quedas no valor do crude são importantes porque o país ainda assenta no crude mais de 95% das suas exportações, perto de 35%do seu PIB e mais de 60% das suas receitas fiscais que garantem o funcionamento do Estado.