Enquanto maior exportador de crude do mundo, a Arábia Saudita detém o poder de definir, em termos gerais, as políticas estratégicas da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e de convencer o outro gigante mundial interessado em manter os preços em alta a alinhar nesse sentido, a Rússia, com quem mantém laços estreitos no contexto da OPEP+, e com quem, desde Janeiro de 2017, mantém a produção da organização controlada para evitar o descalabro dos preços.
Abdulaziz Bin Salman é um dos elementos da corte saudita mais influentes, e, sendo filho do Rei Bin Salman, ao mesmo tempo que era quem chefiava a delegação de Riade na sede da OPEP, tem um registo de bom negociador mas, ao mesmo tempo, defensor claro das políticas mais restritivas de produção que afrontam claramente os interesses dos EUA, um dos grandes aliados dos sauditas e principal crítico das políticas actuais da OPEP
Com esta notícia, o Brent, em Londres, iniciou a sessão de hoje em alta clara, passando os 62 USD por barril, mostrando os gráficos que a medida internacional da matéria-prima valia 62,08 USD perto das 10:40.
Nas primeiras declarações após a nomeação, Bin Salman foi claro ao afirmar que as políticas sauditas de cotes não vão mudar e que o acordo no âmbito da OPEP+ é para manter e fortalecer.
Os analistas reagiram a esta clarificação das intenções estratégicas da Arábia Saudita admitindo que, face à crise financeira que o reino atravessa, com um défice nas suas contas públicas que só pode ser combatido com o barril de crude entre os 75 e os 80 USD, Riade não tem muitas alternativas nem para agora nem para o futuro próximo.
Recorde-se que a Arábia Saudita, apesar de ser hoje o maior exportador de crude mundial, viu os EUA - igualmente o maior consumidor - a ocupar o topo da lista dos maiores produtores, com cerca de 12 milhões de barris por dia, aproveitando o facto de os gigantes, sauditas e russos - os maiores produtores potenciais - estarem a diminuir estrategicamente a sua produção.
Face a este cenário, os EUA aproveitaram para apostar fortemente na produção do denominado "fracking", que consiste em extrair petróleo do xisto a grande profundidade através da explosão química desta rocha, sendo altamente poluente e caro, sendo o seu breakeven acima dos 65 USD, em média.