Depois de ter chegado, em Outubro e Novembro, a estabilizar acima dos 80 dólares, tendo mesmo raiado os 86 a 26 de Outubro, o barril de Brent, que serve de referência para as ramas exportadas por Angola, chega ao final de 2021 em sufoco devido a vários factores mas com a determinante variante Ómicron do Sars CoV-2 a ser quem mais castiga a economia mundial e, subsequentemente, o petróleo.
Isto, porque é devido à Ómicron que estão a ser cancelados milhares de voos em todo o mundo e centenas de cruzeiros foram anulados, o que não sendo a única consequência e causa deste mau final de ano para a matéria-prima, é um bom exemplo do impacto que a pandemia ainda tem no mundo, quando se chegou a pensar que este era um problema ultrapassado com o surgimento das vacinas.
Mas até este período em que 2021 se apaga chegou a ser benigno para o crude, porque o barril viu o seu valor oscilar entre o pânico causado pela descoberta da Ómicron, na África do Sul, em Outubro, e o alívio quando se percebeu, já na passada semana, que se trata, afinal, de uma variante menos severa nas suas consequências para a saúde humana, mesmo que seja claramente mais transmissível.
Isto, porque o barril voltou a iniciar a semana a descer esta segunda-feira - estando, já ao longo da manhã a recuperar com substância - nos principais mercados globais depois de quase uma semana a subir dos 72 para os 75 USD mas com a crise nos transportes aéreos de passageiros e no turismo de cruzeiro marítimo, o barril está a mostrar mais dificuldades.
Com a maior transmissibilidade da Ómicron, a economia mundial está a ressentir-se e em muitas geografias o impacto acontece com o fecho de fábricas, com restrições à circulação de pessoas e bens - só numa cidade chinesa voltaram a ser "fechadas" em casa 13 milhões de pessoas -, o que acaba por levar a uma reacção nos mercados, sempre altamente sensíveis a estes fluxos e refluxos.
Assim, perto das 11:20, hora de Luanda, desta segunda-feira, o Brent estava a perder uns ligeiros 0,13 por cento, para os 76,03 USD, contratos para Fevereiro de 2022, enquanto o WTI, em Nova Iorque, cedia 1,34%, para os 72,78 USD, nos contratos para Janeiro.
Face a este cenário escorregadio em que o crude se move neste final de ano, o segundo consecutivo marcado pela crise pandémica, a reunião mensal da OPEP+, a organização que desde 2017 se agregou em lobby, juntando os 13 Países Exportadores (OPEP) e a Rússia, à frente de um grupo de 10 produtores/exportadores não-alinhados, marcada para o início de Janeiro, assume especial relevo.
O que os "donos" de quase 50% de todo o crude extraído no mundo vão fazer, é sempre difícil de antecipar, mas sabe-se que tanto ao sauditas como os russos, que são quem manda, de facto, estão disponíveis, teoricamente, para agir com novos acertos na produção, caso os mercados assim o determinem.
Para já, até 31 de Dezembro, vigora o programa de acrescento de 400 mil barris por dia, desde Julho, mensalmente, depois de um corte brutal no início de 2020 para reequilibrar os preços nos mercados, claramente deprimidos devido à pandemia.
Para 2022, embora a OPEP, e outros organismos internacionais, prevejam uma recuperação da economia planetária, o "cartel" alargado deverá, segundo os analistas citados hoje pelas agências e sites especializados, mostrar-se cauteloso devido à imprevisibilidade pandémica, não avançando em Janeiro com aumentos à produção, como exigem as grandes economias consumidoras, desde logo EUA, Índia, China e Europa.
Estes países estão na linha da frente das severas críticas à OPEP+, a quem acusam de estar a obstaculizar uma mais afinada recuperação da economia mundial pós-pandemia com a manutenção do garrote na produção de forma a manter os preços excessivamente elevados.
Para Angola, como se sabe, um dos países que mais sofreu com a pandemia devido ao seu impacto na descida abrupta do valor do crude, a sua principal exportação, quase única, 95% do total, o regresso do medo da Covid-19 e o seu impacto na economia global, é um mau presságio para 2022, porque o País conta quase em exclusivo com o petróleo para motorizar a sua recuperação económica.
Recorde-se que o crude ainda é responsável por 95% das exportações nacionais, 30% do seu PIB e sustenta mais de 55% do total das despesas do Estado.