A informação foi avançada hoje em Luanda pelo secretário de Estado para os Petróleos e Gás angolano, José Barroso, no momento em que apresentava o balanço das exportações de crude e gás natural no último trimestre do ano passado.
Na informação disponibilizada pelo Governo nessa ocasião sobressai o número 394,2 milhões, que corresponde ao número de barris da matéria-prima exportados por Angola entre Janeiro e Dezembro de 2021, num total global de 27,87 mil milhões USD.
Nesse ano, a economia mundial começou de forma sólida a sair da crise pandémica da Covid-19 que no ano anterior tinha congelado o mundo e com isso o consumo de energia observou uma queda abrupta a ponto de em Abril desse ano ter atingido valores negativos de 40 USD em Nova Iorque.
Mas este aumento das receitas em 2021, embora não exista uma relação directa entre o valor exportado e o que entra nos cofres do Estado devido aos compromissos existentes, nomeadamente o pagameto de dívida externa alicerçada no crude,, não esconde um dos problemas mais sérios que o sector enfrenta em Angola, que é a queda continuada da produção, como o deixa em evidência o facto de este crescimento se dever apenas à valorização do barril, porque a produção exportada decaiu acima de 11,6 por cento.
O governante, que falava hoje, em Luanda, durante a apresentação da síntese do balanço das exportações de petróleo e gás natural referentes ao quarto trimestre de 2021, referiu, citado pela Lusa, que a covid-19 e as decisões da OPEP+ (Organização dos Países Produtores de Petróleo) influenciaram nesse período o preço do Brent.
O Brent, referência das exportações angolanas, registou nos últimos três meses de 2021 o preço médio de 79,76 dólares (70 euros) por barril.
Um total de 98,9 milhões de barris de petróleo bruto foi exportado por Angola no quarto trimestre de 2021, correspondendo a 1,7 milhões de barris por dia, que resultou numa receita bruta de aproximadamente 7,83 mil milhões de dólares (6,8 mil milhões de euros).
Os resultados das realizações da estatal angolana Sonangol e concessionária Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) foram apresentados pelo presidente da comissão executiva da Sonangol Comercialização Internacional, Luís Manuel.
A Sonangol e a ANPG comercializaram ambas, nesse período, cerca de 40 milhões de barris, "representando uma diminuição de cerca de 3,8 milhões de barris" quando comparado com os volumes exportados no terceiro trimestre de 2021.
Ambos os organismos alcançaram uma receita bruta de cerca de 3 mil milhões de dólares (2,6 mil milhões de euros), um decréscimo de 45 milhões de dólares (39 milhões de euros) quando comparado com as receitas alcançadas no trimestre anterior.
Do volume total exportado no quarto trimestre de 2021, 24,59% pertence à ANPG, 15,79% pertence à Sonangol e as restantes são das companhias estrangeiras.
A China foi o principal destino do petróleo bruto angolano em outubro, novembro e dezembro de 2021 com 61,57%, seguido da Índia (11,87%), Tailândia (4,9%), Gibraltar (2,52%) e da Itália, Espanha, Canada e África do Sul com 2,4% cada.
O gigante asiático foi também o principal destino do petróleo angolano em 2021 com 71,51%, do total das exportações, seguido da Índia com 7,02%.
Em relação ao gás natural, em 2021 as exportações angolanas totalizaram cerca de 4,48 milhões de toneladas métricas, valorizadas em aproximadamente 3,1 mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros).
José Barroso assinalou, ainda citado pela Lusa, que a receita bruta arrecadada com as exportações do gás em 2021 "é quase três vezes superior a obtida em 2020, fruto do aumento dos preços no mercado internacional".
O LNG, o gás butano e o gás propano foram maioritariamente exportados, em 2021, para a Ásia, enquanto os condensados foram exportados principalmente para os Estados Unidos da América.