A cerimónia de reabertura teve lugar no Sábado, retomando, para além da circulação regular de pessoas, também a actividade comercial foi retomada, com os mercados fronteiriços a verem de novo a burburinho de comprar e vender a partir de agora.

O momento, que só foi possível devido ao regresso da estabilidade ao Grande Casai contou com uma cerimónia oficial presenciada por governantes das províncias congolesas comummente conhecidas por Grande Casai mas que, na verdade, são administrativamente três, e da Lunda Norte, bem como dos secretários de Estado das Relações Exteriores e do Comércio, Domingos Custódio Vieira Lopes e Amadeu Leitão Nunes.

Apesar de importante para a economia das duas geografias envolvidas, a angolana e a congolesa-democrática, este momento é essencial para mostrar que o Grande Casai está livre da violência das milícias de Kamwina Nsapu, designação do chefe tradicional local, que criaram uma vaga de terror em Julho de 2016 e que se prolongou até Outubro/Novembro do ano passado, quando as Forças Armadas da RDC avançaram com uma operação de larga escala, envolvendo milhares de homens, com apoio das FAA, para livrar a região dos milicianos.

A vaga de violência que levou ao forte condicionamento da fronteira, tendo esta mantido uma linha de passagem para os muitos refugiados que procuraram segurança em Angola, gerou mais de 3000 mortos, 1,5 milhões de deslocados internos e dezenas de milhar que encontraram segurança na Lunda Norte, onde as autoridades angolanas e as agências da ONU especializadas, ergueram um gigantesca operação de acolhimento de mais de 40 mil pessoas, na sua maioria idosos, mulheres e crianças.

No entanto, já este ano, esta estabilização foi gravemente ameaçada por um conjunto de acções de guerrilha das milícias Kamwina Nsapu, que, por várias vezes atacaram colunas e patrulhas das Forças Armadas da RDC.

Todavia, face ao aproximar das eleições gerais de 23 de Dezembro na RD Congo, o Governo de Joseph Kabila procura criar condições para a realização das eleições devido às fortes pressões internacionais que o estão a obrigar, contra aquilo que a oposição interna garante ser a sua ideia, a sair do poder porque constitucionalmente está impedido de concorrer a um 3º mandato.

Segundo a Angop, o governador do Casai, Marc Manyanga Ndambo, disse na cerimonia de normalização da fronteira comum que "a retoma do comércio transfronteiriço demonstra a capacidade dos africanos em ultrapassar os próprios obstáculos".