"Mesmo considerando um declínio orçamentado do défice das contas públicas para 3% este ano, de uns estimados 5,6% em 2017, o serviço da dívida vai aumentar para 116,3% das receitas orçamentais, quando em 2017 era de 89,4%", escrevem os analistas do maior banco a operar em África.

Na mais recente análise dos mercados africanos, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas do Standard Bank escrevem que "claramente, o governo precisa de alargar o perfil das maturidades da dívida".

A pressão no serviço da dívida "reflecte um aumento no volume total de dívida pública face ao PIB, que passou de 68,6% em 2017, para 70,8% em 2018", sendo que, em percentagem do PIB, 34% é dívida contraída internamente, e 34,6% é dívida externa.

Os analistas do Standard Bank reconhecem, no entanto, que o executivo está a par destas dificuldades e que está, aliás, a tentar alargar os prazos de pagamento da dívida, renegociando os acordos bilaterais.

"O Governo está a aumentar o perfil de maturidade da dívida interna, o que vai aliviar a pressão de servir a dívida de curto prazo", escrevem, notando que "a alta procura pelos títulos de dívida pública em dólares [no valor de 3 mil milhões] mostram que os investidores internacionais estão confiantes na agenda de reformas do Presidente João Lourenço".

Sobre o pedido de ajuda técnica ao Fundo Monetário Internacional (FMI), através do Instrumento de Coordenação de Políticas, o Standard Bank encara esta iniciativa como "um forte compromisso para ajudar a conduzir a agenda de reformas estruturais do Governo de Angola, que tem o potencial de aumentar o investimento directo estrangeiro e aumentar a diversificação económica".