Estas considerações foram feitas pelo vice-governador do banco central, Tiago Dias, nesta segunda-feira, durante uma conferência de imprensa que serviu proceder ao lançamento do relatório sobre a evolução do mercado cambial em 2020.
"Graças aos ajustamentos que ocorreram no mercado cambial desde 2017 a taxa de câmbio passou a desempenhar o papel de amortecedor dos choques externos", sublinhou Tiago Dias, acrescentando que, "não tivéssemos feito os ajustamentos do mercado cambial e se tivéssemos mantido o regime de câmbio fixa a pressão sobre as nossas reservas internacionais teria sido muito grande e neste momento muito provavelmente já teríamos alcançado níveis extremamente preocupantes das nossas reservas internacionais que não nos permitiriam cumprir os nossos compromissos externos".
Segundo o vice-governador do BNA, com o ajustamento tem estado a ocorrer e neste momento existe um nível de reservas internacionais bastante confortável e que permite em caso de necessidade fazer face aos choques externos.
Nesse sentido o relatório sobre a evolução do mercado cambial aponta que as Reservas Internacionais Brutas fecharam o ano de 2020 com uma cobertura das importações de 12,2 meses contra 9,3 meses no final de 2019, enquanto que as Reservas Internacionais Líquidas fecharam o ano a exceder o mínimo ao abrigo do programa do Fundo Monetário Internacional de 8,09 mil milhões de dólares.
Apresentado pelo director do departamento de Estatística do BNA, Joel Futy, o documento realça que a taxa de câmbio do Kwanza (AOA) contra o dólar (USD) norte-americano evoluiu em direcção ao equilíbrio, sendo visível uma desaceleração da sua depreciação no final de 2020, tendo-se estabilizado no início de Novembro de 2020 em torno de USD/AOA 650,00 e mantido nesse nível até à data da elaboração do relatório (30 de Janeiro).
O documento dá ainda conta que entre as várias medidas implementadas pelo BNA, contribuíram para a estabilidade do mercado cambial e não obstante a queda acentuada da produção e do preço médio do petróleo, registou-se um saldo positivo na conta corrente de 1,7 mil milhões de dólares, que representa 2,9% do Produto Interno Bruto.