A imagem que melhor define esta tragédia foi contada aos jornalistas por sobreviventes apenas alguns dias depois de se ter tido conhecimento do naufrágio da embarcação de pesca com cerca de 700 pessoas a bordo: no porão seguiam mais de 100 crianças com as suas mães.
Nenhuma criança e, segundo as últimas informações, nenhuma mulher, foram encontradas ainda, oito dias depois do naufrágio, o que significa que todas elas estão entre as mais de 500 vítimas mortais desta catástrofe humanitária.
As fontes ouvidas pelos media internacionais logo após ter sucedido, desde o Governo grego às ONG"s que se dedicam ao salvamento de náufragos no Mar Mediterrâneo, que há décadas se tem vindo a transformar num gigantesco cemitério de migrantes africanos, a sua maioria, e asiáticos, apontam para que no interior da embarcação estivessem entre 400 e 750 pessoas, a maioria oriundas do Paquistão e do Afeganistão.
O Governo paquistanês decretou três dias de luto nacional pelos, pelo menos, 300 cidadãos deste país que pereceram no momento em que aquela embarcação foi ao fundo numa das zonas mais profundas do Mar Mediterrâneo.
Segundo uma das últimas notícias veiculadas sobre esta tragédia, as autoridades europeias, especialmente as gregas, começam a ser encostadas à parede porque terão recusado ajuda a centenas de pessoas em risco de vida.
Inicialmente, Atenas informou que o barco de pesca afundou de forma abrupta, não deixando margem para o socorro às vítimas, mas, segundo The Guardian, os registos obtidos pela análise aos meios de fiscalização de embarcações no Mediterrâneo, aquela embarcação esteve durante várias horas parado no mesmo sítio com o motor avariado.
Soube-se também que já foram detidas dezenas de pessoas no Egipto e no Paquistão por tráfico humano e organização criminosa desta viagem para a morte de centenas de pessoas que embarcaram na costa da Líbia a caminho da Grécia, que terminou tragicamente na costa do Peloponeso, uma das mais conhecidas para turismo de sol e praia no sul da Europa, onde, cada vez mais, os turistas são confrontados com corpos a chegar aos locais onde se estendem ao sol.
Apesar de ainda estarem centenas de corpos no interior da embarcação - só foram encontrados perto de 80 - apenas uma semana depois de ter sucedido, já são raras, e cada vez mais exíguas, as notícias que podem ser encontradas nos media internacionais, embora se saiba que os navios que permanecem na área, da Marinha grega e das ONG"s, estejam a encontrar corpos a um ritmo diário.
Só este ano de 2023 já morreram n Mediterrâneo, em tentativas de chegar à Europa, mais de 3 mil pessoas, estando centenas desaparecidos, e nas últimas duas décadas foram dezenas de milhares aqueles que ali perderam a vida.
Na sua esmagadora maioria são migrantes africanos, da África do norte e subsaariana, mas, nos últimos anos, este fluxo tem sido maioritariamente alimentado por pessoas oriundas de países asiáticos, como o Paquistão, Afeganistão (especialmente desde que os EUA abandonaram o país em 2021 e este foi tomado pelos radicais talibã) e Bangladesh.
Entretanto, esses mesmos órgãos de comunicação social internacionais estão a dedicar as suas capas ao desaparecimento de um mini-submarino que desapareceu na costa dos EUA e do Canadá, quando levava cinco turistas, que para isso pagaram 250 mil dólares, em direcção aos destroços do Titanic.