Em causa está o contínuo ataque de Donald Trump contra os jornalistas, especialmente os norte-americanos, sob permanente pressão por causa daquilo a que o chefe da Casa Branca de "fake news - notícias falsas", chegando mesmo a humilhar alguns, como sucedeu recentemente em Londres, onde, durante uma visita ao Reino Unido, o Presidente norte-americano se recusou a responder a uma pergunta de um jornalista da CNN, que acusou de ser "fazedor de notícias inventadas".

Para Zeid al-Hussein, Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, "está em curso uma campanha contra os media" que pode, em breve, desencadear, "facilmente agressões a jornalistas" e conduzir, por causa disso, "à autocensura".

Em declarações ao britânico The Guardian, Zeid al-Hussein adverte para a possibilidade de Trump estar a ser já seguido por outros lideres, que se aproveitam do seu exemplo para exercer pressão sobre os jornalistas dos seus países e controlar a seu favor o fluxo noticioso, tendo mesmo dado o exemplo de Hun Sen, do Cambodja, que ordenou o encerramento de medias "desalinhados", embora isso esteja ainda a acontecer em países como a Hungria ou a Turquia, onde diariamente decorrem perseguições aos media independentes.

Zeid al-Hussein, que em breve cederá o cargo à chilena Michelle Bachelet, admite que os EUA, e especialmente quando dá jeito, servem de suporte para atitudes antidemocráticas porque, devido à sua importância no mundo, "geram efeitos de contágio perigosos" em governos ou governantes com tiques autoritários.

Recorde-se que há escassas semanas, o editor do New York Times, um dos mais influentes jornais dos EUA, A.G. Sulzberger, chamou à atenção para o perigo existente nas declarações avulsas de Donald Trump.

Sulzberger, depois de uma reunião com Trump, disse que os seus ataques constantes aos jornalistas e aos media são "perigosos e incendiários" e podem ser considerados como ataques directos à democracia norte-americana.