Este investimento vai ocorrer, segundo o chanceler alemão, Olaf Scholz, até 2030, e tem como novidade a garantia de que os materiais que vão ser usados nos projectos serão, maioritariamente, produzidos em África, de forma a impulsionar o emprego local.

Deixando em aberto o destino deste importante investimento, o chefe do Governo alemão consegue garantir a atenção de um conjunto alargado de países africanos, numa altura em que se trava uma "guerra" entre as grandes potências para garantir a influência no continente, devido à sua relevância no contexto da criação de uma nova ordem mundial disputada por China e Rússia de um lado e EUA e aliados europeus, do outro (ver links em baixo nesta página).

É evidente que os países escolhidos como destino deste investimento serão os que optarem por manter laços diplomáticos e económicos preferenciais com o ocidente, especialmente aqueles com maior abundância de minerais estratégicos nos seus sobsolos.

Devido à abundância de recursos estratégicos como as "terras raras", um conjunto vasto de minérios, o coltão ou, entre outros, o cobalto, essências para as indústrias tecnológicas, o continente africano está no meio de uma batalha de gigantes, depois de os EUA terem voltado a olhar estrategicamente para África após uma longa ausência que atravessou os mandatos de Barack Obama e Donald Trump.

Também a Europa está a entrar neste "jogo", como o demonstra este anúncio de Scholz, que tem como particularidade manter a expectativa alta entre os putativos candidatos, embora num contexto de um evento, o G20+África, em que foi Berlim a tomar a iniciativa da sua criação visando criar melhores condições para o investimento externo e melhorar o ambiente de negócios.

Os países que integram este "compacto" são: Egipto, Etiópia, Benin, Burquina Faso, Costa do Marfim, Gana, Guiné, RDC, Marrocos, Ruanda, Senegal, Togo e Tunísia.

Este é claramente um instrumento criado pela Alemanha para combater as presenças chinesa e russa em África.

Sobre esse assunto, citado pelo site AfricaNews, o presidente da Comissão Africana, Moussa Faki, quando questionado, disse que a China tem ganhado vantagem sobre os países ocidentais porque têm "uma visão mais apurada e, talvez, mais confiança no potencial africano".

Mas garantiu que o continente está "aberto a diferentes parcerias", deixando, porém, um recado aos países ocidentais: "O nosso desejo é que confiem em nós, que imponham menos condições e que criemos as condições juntos".

"Porque melhor a governança é nossa responsabilidade e uma visão partilhada permitirá a criação de condições para um aumento substancial do investimento externo em África", apontou ainda o chefe da Comissão da União Africa.

Com estas palavras, Faki deixa subentendido que uma das vantagens de chineses e russos em África passa pela sua confiança nas capacidades locais e na ausência de imposição de condições, especialmente de natureza política, evidenciando a típica desconfiança ocidental na gestão de projectos e de verbas pelos africanos.