A decisão, a mais grave já assumida contra um ex-Presidente na África do Sul pelo ANC, foi tomada esta segunda-feira, durante a reunião do comité executivo do partido de Nelson Mandela que vai exigir a sua presença perante o comité de disciplina.
Esta decisão surge, no entanto, sem uma aparente ligação aos casos em tribunal mas sim porque Zuma, que governou a África do Sul entre 2009 e 2018, depois de uma longa e atribulada batalha legal dentro e fora do partido, anunciou recentemente que vai apoiar nos próximos actos eleitorais o partido MK, que resulta da antiga ala militar do ANC, fundada por Mandela, em 1960, no rescaldo do Massacre de Sharpeville, onde as tropas do regime racista mataram inúmeros habitantes desta "township".
Zuma anunciou publicamente que não podia apoiar o ANC liderado por Ciryl Ramaphosa, por discordar da sua orientação, o que despoletou a justificação para esta suspensão, que está a ser vista na África do Sul como uma expulsão de facto, libertando o histórico partido de um peso demasiado incómodo para as eleições Presidenciais que decorrem ainda este ano.
Alguns analistas admitem que Zuma era um imbróglio para o ANC que tem este ano as eleições mais complicadas desde que Mandela ganhou as de 1994, especialmente devido ao desemprego em cifras históricas, a pobreza em expansão galopante, inflação nunca vista, cortes de energia, ou apagões, em todo o país e sem fim à vista...
Mas outros apontam para a possibilidade de a saída de Zuma, desta forma, poder ser uma pedra no sapato de Ramaphosa, considerando que nunca a governação do ANC foi tão contestada como agora.