O ANC, percebendo que o novo partido de Zuma, o MK (uMkhonto we Sizwe) pode ferir ainda mais as suas possibilidades de vitória nas eleições gerais de 29 de Maio, tentou que a justiça impedisse o seu antigo líder de usar esta sigla por corresponder à antiga ala armada do ANC criada por Nelson Mandela, o MK, extinta com o fim do apartheid, em 1994.
Agora, face à recuperação desta histórica sigla para o seu partido por Jacob Zuma, que liderou o país entre 2009 e 2018, bem como o próprio ANC, além de que a sua popularidade na importante província do Kwazulo Natal lhe vai granjear milhares de votos que seriam do ANC, o partido de Cyril Ramaphosa tentou anular essa desvantagem na justiça.
Mas sem sucesso, porque um tribunal de Durban, esta segunda-feira, sentenciou a favor de Zuma, permitindo que este antigo líder, de 82 anos, use a designação MK para o seu partido, o que lhe garante erguer-se como uma ameaça ao próprio ANC, que tem ainda que lidar com anos de corrupção, desemprego em níveis históricos, 32%, e inflação sem paralelo...
Esta decisão judicial é de grande relevância no contexto pré-eleitoral na África do Sul, onde, pela primeira vez, desde que assumiu o poder em 1994, após o colapso do regime racista do apartheid, o ANC está à beira de perder o poder, minado por décadas de erosão provocada pela má governação, com uma crise económica ímpar e exaustão social igualmente severa.
Mas a ameaça ao ANC chega também, curiosamente, da Aliança Democrática, o partido que é visto como tendo acolhido a continuidade da defesa dos interesses da minoria branca, e dos Combatentes pela Liberdade Económica, EFF; de Julius Malemba, um radical de esquerda que também saiu do "ventre" do ANC.