Este mecanismo de deportação de migrantes era uma peça-chave da política para as migrações do Governo conservador de Londres mas foi alvo de uma vaga de contestação e críticas pela sua evidente desumanidade e ofensa aos Direitos Humanos que o seu "desenho" continha.
Um dos argumentos usados por este tribunal britânico é que o programa não garante a segurança das pessoas que fossem enviadas para Kigali, a capital do Ruanda, um país que não só tem um passado trágico, como ostenta um mau registo no que diz toca ao respeito actual pelos direitos humanos e pela liberdades civis, especialmente no que diz respeito à difícil vida dos opositores ao regime de Paul Kagame.
Esta decisão está a ser vista como uma gigantesca derrota para o Governo do primeiro-ministro RIshi Sunak, que via no programa uma saída para um problema social grave, com milhares de migrantes no país a aguardar decisões sobre a sua elegibilidade para o estatuto de refugiado político ou com pedidos de asilo por razões humanitárias.
Para já, com esta decisão, que, pelo conteúdo do acordo assinado em 2022 com o Governo ruandês (ver links e baixo nesta página), que apontava para um pagamento de 20 a 40 mil dólares por pessoa enviada para Kigali e uma verba de mais de 100 milhões à cabeça, era previsível que fosse não só contestada mas rejeitada em tribunal, Rishi Sunak fica com um problema em mãos mas que já disse que vai encontrar uma alternativa eficaz.
"Neste momento já estamos à procura de uma solução e mantemos como objectivo firme travar a chegada de barcos com ilegais", disse o chefe do Executivo em Londres.
O Ruanda, que se comprometia, a troco de verbas previamente definidas, analisar os processos de cada um dos legais no Reino Unido que lhe chegasse às mãos, e, se nada houvesse em contrário, ali poderiam permanecer, não gostou desta decisão.
Numa ríspida reacção, Kigali disse não haver razão alguma para admitir a possibilidade de que o país não oferecia as condições necessárias de segurança aos exilados oriundos do Reino Unido.
O Governo de Kagame notou ainda que é mesmo a ONU que "reconhece a excelência do tratamento dado aos refugiados no Ruanda", embora aceite a decisão sem concordar com os pressupostos usados pelo tribunal britânico.
"Estamos receptivos a uma modificação no acordo que responda às questões da justiça britânica" dentro do que é a regra do Ruanda, que passa pelo cumprimento das regras internacionais,, disse aos jornalistas o porta-voz do Governo, Alain Mukuralinda.