O ataque mais mortífero ocorreu numa mesquita da localidade de Natiaboani, no sudoeste do Burquina Faso, enquanto, no mesmo dia, pelo menos duas dezenas de católicos foram assassinados, quando esperavam a missa dominical, no norte do país.
Em ambos os casos, como sublinham as agências, foram grupos de homens armados que se acercaram dos locais de culto cristão e muçulmano e, a sangue frio, dispararam contra as pessoas que estavam agrupadas para as suas actividades religiosas diárias.
Estes ataques, que resultaram na morte de mais de três dezenas de pessoas, não são uma novidade neste país do Sahel que há mais de uma década é massacrado por sucessivas vagas de terror protagonizadas por grupos afiliados ao `estado islâmico" e à al qaeda do Magrebe.
A brutalidade dos ataques terroristas no Burquina Faso, em menos de 10 anos, já tirou a vida a largos milhares de pessoas, deixando ainda um rasto de deslocados internos, com vastas regiões do norte do país totalmente desabitadas e sob controlo dos grupos jihadistas.
E esta foi a justificação principal usada pela junta militar que protagonizou o golpe de Estado que afastou do poder o Presidente Kaboré, assumido pelo tenente-coronel Paul-Henri Damiba, que foi, por sua vez, afastado meses depois pelo capitão do Exército Ibrahim Traoré.
Sendo verdade que, durante um período, as forças armadas conseguiram afastar os ataques jihadistas com o apoio de especialistas russos, chegados ao país depois de Ouagadougou ter cortado relações com a França, obrigando os seus militares a deixarem o país, esse sossego durou pouco.
E estes ataques com avultados resultados em mortes, feridos e destruição, demonstram que as organizações jihadistas continuam activas e com capacidade para perpetrar este tipo de atentados, pondo em causa não apenas a capacidade do Exército do país, mas também dos operacionais russos.
O Burquina Faso é um dos quatro países da África Ocidental que viveram golpes militares, juntamente com o Mali, o Níger e a Guiné-Conacri (ver links em baixo nesta página), sendo que os três do Sahel, os três primeiros, cortaram relações com a França e enveredaram por parcerias estratégicas com Moscovo.