Durante 11 dias são muitos os lideres globais que vão subir ao púlpito para jurar novas promessas de que "agora é que vai ser". O Secretário-Geral da ONU também acha que é bom que seja desta que se começa a trabalhar a sério para controlar a "febre" do Planeta Terra, porque "o vício da Humanidade de carbono" vai acabar por nos matar.
"Estamos a cavar as nossas sepulturas", avisou o português que lidera a Organização das Nações Unidas no discurso da cerimónia inaugural da COP26, que este ano está a decorrer em Glasgow, Escócia, Reino Unido.
Guterres tem insistido, nos últimos anos, na ideia de que o mundo abeira-se perigosamente do fim tal como o conhecemos hoje, ou seja, nas suas palavras deixadas neste discurso inaugural, "à beira do desastre" se não foram tomadas medidas que se sabe que serão dramáticas e com consequências impactantes na vida das pessoas, na economia global, mas "urgente como nunca foi".
O SG da ONU não podia ter escolhido palavras mais duras, mais alarmantes. Mas já o tinha feito nas últimas Cimeiras Mundiais do Clima a que o mundo assistiu sem que se note diferença nas acções, apesar dos compromissos assumidos com pompa e circunstância, como o foi o Acordo de Paris, em 2015, que contém metas bem definidas para a redução da temperatura média do Planeta Terra através da substituição dos combustíveis fósseis por energias verdes mas, até agora, sem conseguir diminuir o estado "febril" em que este se encontra.
"A nossa adição dos combustíveis fósseis está a levar-nos para o precipício", alertou Guterres. "O caminho para um fim catastrófico parece imparável", avisou Guterres. "Ou paramos de consumir esta energia ou ela nos para a nós", insistiu Guterres. "Estamos a cavar a nossa sepultura", voltou a enfatizou Guterres.
Nos próximos dias poder-se-á verificar se estas palavras pungentes vão ser levadas em conta ou ignoradas como tem acontecido até agora.
Isto, porque o que há para fazer é bem conhecido: chegar a 2050 com neutralidade carbónica, ou seja, o planeta terá de conseguir neutralizar o carbono emitido sem danos para a atmosfera, até 2030, este processo terá de estar de tal modo bem encaminhado para não deixar dúvidas de que vai ser possível conseguir limitar o aquecimento global até ao fim do século nos 2 graus centígrados, preferencialmente 1,5 graus, sabendo-se que, mesmo que assim venha a ser, a sucessão de desastres ambientais será inaudita, com consequências dramáticas, mas conseguir-se-á salvar a Humanidade.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anfitrião, também assumiu a palavra para pedir aos líderes mundiais que escolham a acção imediata, desejando que esta COP26 seja aquela em que, finalmente, se vai notar a diferença e que o mundo sabe o que é preciso fazer e que está e vai fazê-lo.
E a rainha Isabel II também apelou à acção para a defesa da "casa comum", sublinhando a importância de focar essa acção nas situações mais difíceis no imediato.
Como era de esperar, desde o Presidente chinês, Xi Jinping, ao norte-americano, Joe Biden, passando pelo primeiro-ministro indiano Narendra Modi, os lideres do Japão, Rússia ou da Alemanha, que são hoje os maiores poluidores mundiais, voltaram a renovar o compromisso de combater as alterações climáticas.
Já hoje, ficou-se a conhecer que um grupo alargado de países, dos mas ricos do Planeta, voltou a assinar um acordo para a reflorestação do mundo, envolvendo 12 mil milhões de euros, nos próximos anos. Mas já em 2014 tinha sido assinado um acordo semelhante, que acabou por "secar" sem resultados palpáveis.
Greta Thunberg, resumiu, durante uma manifestação de jovens em defesa do Planeta, o sentimento geral em torno desta COP26: "Lá dentro só estão políticos interessados em fazer de conta que estão preocupados, mas não estão preocupados com o nosso futuro, apenas estão interessados em defender os seus interesses".
João Lourenço em Glasgow
O Presidente da República, João Lourenço, manteve segunda-feira vários encontros informais com outros lideres presentes nesta COP26, estando a sua intervenção principal prevista para hoje, terça-feira.
Segundo descreve a Angop, o Chefe de Estado angolano conversou, à margem da conferência, com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, o secretário-geral da ONU, António Guterres e com o antigo primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair.
João Lourenço dialogou, igualmente, com os Presidentes da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, do Congo, Denis Sassou Nguesso, da Zâmbia, Hakainde Hichilema e da República Centro Africana (RCA), Faustin Touadera.