Depois de Londres ter avançado que ia enviar para a Ucrânia um conjunto de, pelo menos, 14 Chalenger-2, os seus principais carros de combate pesados, Berlim e Washington fizeram esta terça-feira o mesmo, prometendo o envio de Leopard-2 e os Abrams M1, para o conflito no leste europeu.

Este retardar da decisão, não só de enviar os seus próprios Leopard-2, mas também autorizar os outros países a fazê-lo, já estava a ser um fardo pesado para o Governo alemão do chanceler Olaf Scholz, que hoje viu o Governo polaco, o principal e mais empenhado aliado de Kiev na Europa, pela voz do primeiro-ministro Mateusz Jakub Morawiecki, a ataca-lo de forma violenta e pouco vista nas relações internacionais, acusando a Alemanha de estar com medo e de estar a querer resguardar a possibilidade de reabilitar as relações com Moscovo no day after à guerra, entre outros mimos diplomaticamente inadequados.

Recorde-se que a Alemanha tinha colocado como condição de partida para permitir o envio dos Leopard-2 para a Ucrânia, da sua frota e dos que estão integrados nas forças de outros países, como a Polónia, que os Estados Unidos permitissem o envio dos seus Abram M1.

Com este desenvolvimento, ao qual o Kremlin, através do seu porta-voz já se tinha antecipado, avisando que se trata de uma escalada perigosa e que em nada vai alterar o curso da guerra, podendo apenas demorá-la mais ainda, porque a única garantia é que se trata de mais sacrifício para o povo ucraniano.

Há, no entanto, um delay importante entre esta decisão e a chegada dos tanques ao tereno, porque estes exigem agora o treino dos militares ucranianois que os vão conduzir e manobrar, que pode, segundo os especialistas, levar até cinco meses.

Dmitri Peskov deixou mesmo um recado a Scholz: "Esta decisão vai deixar uma marca indelével no futuro relacionamento entre a Alemanha e a Rússia", que já estão, garantiu, "num ponto muito baixo".

O mesmo se passa com os EUA, cujo Governo está prestes a aprovar o envio deste armamento, o que significa uma mudança importante na política norte-americana e nos planos da Administração Biden.

Para já, estas informações foram avançadas, na Alemanha pelo Der Spiegel, e nos EUA, pela Associated Press.

Da parte da Rússia, segundo os media de Moscovo, em cima da mesa está a possibilidade de serem colocados na frente de batalha os seus carros de combate pesados mais modernos, os T-14 Armata, considerados de última geração e que os russos dizem não terem paralelo no ocidente, ao mesmo tempo que estão a caminho da guerra centenas de renovados T-90, os mais modernos logo a seguir aos Armata.

Com este cenário a crescer em poderio de combate de um e do outro lado, aquilo que era uma escalada temida pelos analistas, está, efectivamente, a acontecer.

E para o Presidente Zelensky e o seu Governo esta chegou no melhor momento, porque está envolvo num gigantesco escândalo de corrupção que já obrigou dezenas de altos funcionários e governantes a demitirem-se ou a serem demitidos, como pode ser relido aqui.