Os senadores Graham e Chuck Grassley, do Partido Republicano, exigiram ao FBI uma investigação profunda às denúncias feitas por uma fonte que não foi identificada ainda, mas que dizem ser "altamente credível", que já foi ouvida pelo FBI e já conduziu à produção de documentos que são do conhecimento do Congresso norte-americano.

Nestes documentos, elaborados a partir de audições a esta fonte em Maio, segundo os senadores republicanos, o actual Presidente, o democrata Joe Biden, e o se filho, Hunter Biden, que trabalhou durante vários anos na Ucrânia, ao serviço desta empresa de energia, e está actualmente face a um processo judicial que o levaria à prisão se não chegasse a um acordo com o tribunal, por fugas ao fisco e posse de arma de fogo ilegal, contêm elementos probatórios de recebimento de subornos de pai e filho, de um quadro superior da Burisma, em 2015, pelo menos.

A exigência de libertação dos documentos, que já são do conhecimento do congresso mas estão legalmente sob acesso restrito, foi feita através de uma carta enviada ao FBI pelos senadores Lindsey Graham e Chuck Grassley na quarta-feira,21, acusando ao mesmo tempo a Administração Biden de estar a tentar manter este assunto fechado a sete chaves para não prejudicar a campanha eleitoral de Joe Biden para as presidenciais de 2024.

Nessa missiva, os dois senadores republicanos sublinham que "o FBI continua a tentar esconder estes factos relevantes do Congresso e do povo americano" ao mesmo tempo que está a minar qualquer tentativa de investigação aberta para defender interesses que não são os do público.

Em causa, como se pode ler em alguma imprensa internacional, está o alegado pagamento de 5 milhões USD a Joe Biden e outros cinco milhões a Hunter Biden pela empresa de gás ucraniana, Burisma Holdings, quando o primeiro era vice-Presidente e o segundo era um dos quadros superiores desta companhia, cuja descrição do sucedido consta de um documento elaborado pelo FBI após a audição a uma fonte dada como "altamente credível" mas mantida até agora como altamente confidencial.

Todavia, não se sabe que motivações tem esta fonte, se existe de facto, se tem conhecimento directo dos factos (foi o quadro que entregou o dinheiro?) ou é apenas uma testemunha indirecta, se o que diz está dado como provado por investigações posteriores ou mesmo se os crimes são tão graves quanto o sugerem os republicanos que estão, como é sabido, já em pré-campanha eleitoral para as presidenciais de Novembro de 2024 e um caso destes tem um forte potencial para prejudicar a caminhada dos democratas até às urnas de voto.

Embora não exista uma ligação directamente provada entre esta suspeita e o actual conflito na Ucrânia, alguns analistas admitem como forte possibilidade que a ligação antiga da família BIden ao regime de Zelensky não poder ser separada de algumas decisões que estão a ser tomadas, nomeadamente os volumosos apoios a KIev que já superam os 100 mil milhões USD em financiamento directo e armamento.

Isto, porque desde 2016 que na internet está disponível um conjunto de áudios entre Joe Biden e o antigo Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, onde ambos discutem questões e decisões directamente relacionadas com a justiça ucraniana e a escolha do Procurador-Geral.

Contra-ofensiva em "stand by"

A operação de grande envergadura com que a Ucrânia pretendia expulsar os russos dos seus territórios, que começou a 04 de Junho, está em "stand by" parcial, porque se sabe que alguns combates continuam, especialmente na zona de Zaporizhia, alegadamente porque o ritmod e perdas em material militar e vidas humanas nas fileiras dos combatentes de Kiev estava a ser insustentável.

A caminho das três semanas de ataques frontais por parte das brigadas e batalhões ucranianos, com recurso ao moderno equipamento militar oferecido pelos países da NATO, como os carros de combate pesados alemães Leopard 2 ou os ligeiros Bradley norte-americanos, os AMX franceses ou mesmo os certeiros HIMARS dos EUA e os britânicos Storm Shadow, de longo alcance, os avanços são nulos.

Isto porque, de acordo com o "mapa" da frente de batalha analisado por diversos especialistas militares, as pequenas conquistas ucranianas, quase exclusivamente aldeias desabitadas numa zona até aqui considerada "sem dono" ou "cinzenta", são, imediatamente retomadas pelos russos devido à sua opção por uma defesa avançada que está a impedir Kiev de fazer chegar as suas melhores unidades à primeira das três ou quatro sólidas linhas de defesa erguidas ao longo dos últimos seis meses.

Com o objectivo de cortar o acesso dos russos entre o Donbass, a leste, e a Crimeia, a sul, fazendo chegar as unidades ucranianas ao Mar de Azov ou Mar Negro, traçado abertamente antes do avanço das forças ucranianas sobre as linhas de defesa de Moscovo, o que se está a verificar no terreno é um completo falhanço dessa tentativa.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já veio dizer que "isto não é um filme de Hollywood" onde se lançam as forças sobre o inimigo e este é derrotado, uma contra-ofensiva, instiu o chefe do regime de Kiev, "leva tempo a formar resultados" e a consolidar as posições ganhas ao inimigo.

Já o Presidente russo, Vladimir Putin, explica a travagem a fundo nas operações da contra-ofensiva de Kiev com a sua "notória falha de resultados" ao que acresce "uma perda de material e de tropas" que se está a revelar impossível de sustentar.

No entanto, os analistas que seguem de perto o desenho dos combates na linha da frente, como o major general Agostinho Costa, na CNN Portugal, sublinham que a Ucrânia anda tem várias brigadas na sua reserva da retaguarda intactas - uma brigada equivale a 4 a 5 mil homens e Kiev dispunha antes de 4 de Junho de pelo menos 25, 12 das quais equipadas com material moderno ocidental - o que lhe permite poder voltar à ofensiva assim que se recomponha do desgaste destas quase três semanas de combates ferozes e perdas volumosas de um e do outro lado mas com quem ataca a sofrer sempre bastante mais do que quem defende.

Ao que parece, nesta fase de pausa operacional, a Ucrânia está a usar os seus misseis de longo alcance britânicos e franceses Storm Shadow, que podem voar até 250 kms, e os roquetes HIMARS norte-americanos, que atingem alvos com precisão a quase 100 kms, para atacar alvos estratégicos no campo do inimigo, sendo que os russos nunca deixaram de usar os seus misseis e drones para "queimar" material armazenado na retaguarda ucraniana e postos de comando ou alvos estratégicos como concentrações de tropas ou hangares da Força Aérea,

No último destes ataques, a Ucrânia parece estar a dar corpo às palavras do seu Presidente quando este avisa que a parte principal da contra-ofensiva ainda não começou, destruindo uma ponte que liga, sobre o Rio Dniepre, a região de Kherson à Crimeia.

Com a ponte de Chongar destruída, para a qual os russos já prometeram uma "poderosa retaliação", segundo alguns analistas, Kiev pretenderá dificultar o envio de reforços das reservas de retaguarda russas para a zona de Kherson porque é das poucas vias de ligação entre a península e o resto do sul desta vasta geografia em guerra.

Isto, agora que as águas da barragem de Kakhovka que inundou, depois de parcialmente destruída, uma vasta região para onde, alegadamente, os ucranianos tinham planeado parte da contra-ofensiva, e foram obrigados a redesenhar o plano de ataque, volta agora a estar transitável com o recuo das águas e a solidificação dos terrenos nas margens do Rio Dniepre.

Alias, esses mesmos analistas admitem que o recuo das águas vai permitir a Kiev abrir uma nova frente de combate, obrigando os russos a desmembrar as suas forças colocadas nas posições defensivas. Só que esse facto, também impõe redobrados esforços ao dispositivo ucraniano, que, ao desmultiplicar-se por mais largas dezenas de quilómetros de frente, pode permitir a Moscovo, com muito mais unidades, homens e material disponível, lançar, por sua vez, uma contra-contra-ofensiva de larga escala.

Mas há outra linha de inquietação que começa a emergir entre os analistas mais sérios e equilibrados nas suas abordagens a esta guerra... a possibilidade de, face ao eventual descalabro do dispositivo ucraniano, países da NATO, embora sem essa capa, como a Polónia ou os países bálticos - Lituânia, Letónia e Estónia -, entre todos os mais fervorosos instigadores deste conflito ao lado de Kiev, enviarem forças militares para o oeste da Ucrânia de forte a impedir que Moscovo atravesse com as suas unidades o Rio Dniepre.

Se tal cenário se vier a concretizar, o que, segundo estes analistas, está agora mais perto que nunca, a possibilidade de uma escalada devastadora, com um conflito aberto entre a Rússia e a BIelorrúsia, e a Polónia e os Bálticos, numa fase inicial, e depois com toda a NATO, o recurso a amas nucleares estará claramente em cima da mesa.

Contexto da guerra na Ucrânia

A 24 de Fevereiro de 2022 as forças russas iniciaram a invasão da Ucrânia por vários pontos, tendo o Presidente russo dito que se tratava de uma "operação militar especial", sublinhando que o objectivo não era (é) a ocupação do país vizinho, condição que evoluiu depois para a anexação de territórios no Donbass mas também as regiões de Kherson e Zaporijia, mas sim a sua desmilitarização e desnazificação e assegurar que Kiev não insiste na adesão à NATO, o que Moscovo considera parte das suas garantias vitais de segurança nacional.

O Kremlin critica há vários anos fortemente o avanço da NATO para junto das suas fronteiras, agregando os antigos membros do Pacto de Varsóvia, organização que também colapsou com a extinção da URSS, em 1991.

Moscovo visa ainda garantir o reconhecimento de Kiev da soberania russa da Península da Crimeia, invadida e integrada na Rússia, depois de um referendo, em 2014, e ainda a independência das duas repúblicas do Donbass, a de Donetsk e de Lugansk, de maioria russófila, que o Kremlin já reconheceu em Fevereiro, tendo acrescido a esta reivindicação as províncias de Kherson e Zaporijia, depois da realização de referendos que a comunidade internacional, quase em uníssono, não reconhece.

Do lado ucraniano, a visão é totalmente distinta e Putin é acusado de estar a querer reintegrar a Ucrânia na Rússia como forma de reconstruir o "império soviético", que se desmoronou em 1991, com o colapso da União Soviética.

Kiev insiste que a Ucrânia é una e indivisível e que não haverá cedências territoriais como forma de acordar a paz com Moscovo, sendo, para o Presidente Volodymyr Zelensky, essencial o continuado apoio militar da NATO para expulsar as forças invasoras.

A organização militar da Aliança Atlântica está a ser, entretanto, acusada por Moscovo de estar a desenrolar uma guerra com a Rússia por procuração passada ao Exército ucraniano, o que eleva, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, o risco de se avançar para a III Guerra Mundial, com um confronto directo entre a Federação Russa e a NATO, que tanto o Presidente dos EUA, Joe Biden, como o Presidente Vladimir Putin, da Rússia, já admitiram que se isso acontecer é inevitável o recurso ao devastador arsenal nuclear dos dois lados desta barricada que levaria ao colapso da humanidade tal como a conhecemos.

Esta guerra na Ucrânia contou com a condenação generalizada da comunidade internacional, tendo a União Europeia e a NATO assumido a linha da frente da contestação à "operação especial" de Putin, que se materializou através de bombardeamentos das principais cidades, por meio de ataques aéreos, lançamento de misseis de cruzeiro e artilharia pesada, e com volumosas colunas militares a cercarem os grandes centros urbanos do país, mas que agora está concentrada no leste e sudeste da Ucrânia.

Na reacção, além da resistência ucraniana, Moscovo contou com o maior pacote de sanções aplicadas a um país, que está a causar danos avultados à sua economia, sendo disso exemplo a queda da sua moeda nacional, o rublo, que chegou a ser superior a 60%, embora já tenha, entretanto, recuperado.

Estas sanções, que já levaram as grandes marcas mundiais a deixar a Rússia, como as 850 lojas da McDonalds, a mais simbólica, abrangem ainda os seus desportistas, artistas, homens de negócios, a banca e grande parte das suas exportações, incluindo o sector energético, do gás natural e em parte do petróleo...

Milhares de mortos e feridos e mais de 9,5 milhões de refugiados internos e nos países vizinhos da Ucrânia são a parte visível deste desastre humanitário.

O histórico recente desta crise no leste europeu pode ser revisitado nos links colocados em baixo, nesta página.