Numa entrevista em língua espanhola à plataforma de "streaming" ViX da "Noticias Univision 24/7", o Papa considerou que o que torna a a guerra na Ucrânia diferente é que toca os europeus "mais de perto" .
O Papa falou sobre a pandemia de covid-19, a guerra na Europa, escândalos de abuso de crianças na Igreja Católica, aborto, sem se esquivar também de responder a perguntas sobre a sua saúde e rumores de uma possível renúncia.
O sumo pontífice, de 85 anos, falou desde o drama no Iémen e na Síria, à vida encurtada de 30.000 soldados, até aos jovens que morreram no desembarque nas praias da Normandia e aos conflitos bélicos "que são impostos" e que mostram que se perdeu "a consciência da guerra".
E, ainda assim, apesar das tragédias, "a humanidade continua a fabricar armas", lamentou, acrescentando que a guerra "escraviza", desumaniza, e que, segundo o catecismo católico, "a utilização e posse de armas nucleares é imoral".
Sobre a invasão russa da Ucrânia, Francisco disse que prefere falar mais sobre as vítimas do que dos agressores, "do país que é atacado".
Também numa mensagem enviada aos participantes da Conferência Europeia da Juventude, que se realiza de 11 a 13 de Julho em Praga, na República Tcheca, o Papa foi muito crítico sobre a "guerra absurda" que se trava na Ucrânia, desafiando os mais jovens a transformar o "Velho Continente" num "continente novo".
"Vós, jovens europeus, tendes uma missão importante. Se outrora os vossos antepassados se aventuraram para outros continentes, nem sempre por interesses nobres, agora compete-vos a vós apresentar ao mundo um novo rosto da Europa"
"Queridos jovens, ao mesmo tempo que estais a realizar a vossa Conferência, na Ucrânia (que não é União Europeia, mas é Europa), combate-se uma guerra absurda. Esta, juntando-se aos numerosos conflitos em curso em diversas regiões do mundo, torna ainda mais urgente um Pacto Educativo que a todos instrua para a fraternidade".
Francisco acrescenta que a ideia de uma Europa Unida brotou de um forte anseio de paz, depois de tantas guerras travadas no continente europeu, e levou a um período de paz que durou 70 anos. "Agora todos nos devemos empenhar para pôr fim a esta loucura da guerra, onde, como de costume, uns poucos poderosos decidem e mandam a combater e morrer milhares de jovens. Em casos como este, é legítimo rebelar-se!", afirmou.
"Disse alguém que, se o mundo fosse governado pelas mulheres, não haveria tantas guerras, porque elas que têm a missão de dar a vida não podem abraçar opções de morte", disse ainda Francisco.
"De modo semelhante apraz-me pensar que, se o mundo fosse governado pelos jovens, não haveria tantas guerras: aqueles que têm toda a vida diante de si, não a querem esfrangalhar e desbaratar, mas vivê-la em plenitude", destacou.