A notícia foi avançada ao início da tarde desta quarta-feira pelos media russos (ver link de vídeo em baixo nesta página) e, na primeira reacção de Kiev, a autoria do ataque foi negada de forma clara, sabendo-se, no entanto, que as autoridades ucranianas não costumam comentar directamente, e muito menos reivindicar, as suas acções militares em território da Federação Russa, o que permite perceber que a rápida resposta a esta situação demonstra preocupação no Governo ucraniano com eventuais retaliações.
Este episódio, sendo real ou uma criação russa para dar início a uma nova fase nesta guerra, tem um precedente que é conhecido e que foi divulgado pelo anterior primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, que, após uma visita a Putin, este lhe confidenciou que não pretendia mandar matar o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Naftali Bennett avançou ainda que contou a Zelensky que não era intenção de Putin provocar a sua morte, apesar da guerra, e este terá ficado satisfeito por ter ouvido essa garantia transmitida pelo primeiro-ministro israelita.
Ora, com esta acusação russa de que, por ordem de Zelensky, porque uma acção desta envergadura não sucede sem autorização formal do Presidente, as forças ucranianas tentaram matar Vladimir Putin, fica a dúvida se o chefe do Kremlin vai manter ou alterar as suas intenções quanto ao seu homólogo ucraniano.
Segundo os media russos, os radares colocados em redor do Kremlim detectaram dois drones a voar na direcção da sede do Governo russo e os sistemas de defesa anti-aérea abateram-nos, usando para o efeito medidas de natureza electrónica para anular os veículos carregados de explosivos que acabaram por cair no espaço do Kremlin.
Moscovo, segundo a Russia Today, considera este acto uma acção terrorista, mesmo não tendo causado quaisquer vítimas, acrescentando Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin que este "acto terrorista" visava o Presidente russo num momento simbólico da aproximação dos festejos do Dia da Vitória, a 09 de Maio.
E acrescentou que a Rússia se reserva o "direito de retaliar da maneira que entender, quando entender e onde entender", naquilo que pode ser entendido como uma ameaça clara à vida de Volodymyr Zelensky, embora essa certeza não tenha sido enfatizada pelo Kremlin.
Segundo Peskov, Putin estava fora do Kremlin quando os drones foram abatidos, deixando, segundo imagens não confirmadas como autênticas por fontes independentes, espalhadas nas redes sociais, mostram colunas de fumo nas imediações do edifício que representa o centro do poder na Federação Russa.
Na primeira reacção de Kiev, Mykhailo Podolyak, conselheiro principal de Zelensky, nega a autoria do ataque e acusa o Kremlin de estar a manobrar com o intuito de justificar um atentado terrorista de larga escala na Ucrânia.
O conselheiro de Zelensky disse ainda que, tal como tem sido repetido amiúde, os esforços ucranianos "são para defender o seu território, não para atacar o território dos outros".
Este responsável sublinha mesmo que que se pode tratar de uma acção interna na Rússia num momento em que Putin começa a "perder o controlo".
"É claro que alguma coisa está a acontecer no coração da Rússia, mas não é com drones ucranianos, de certeza", atirou ainda , Mykhailo Podolyak, na sua reacção aos ataques ao Kremlin no Twitter.