Aquele que Kiev e Moscovo, até hoje, concordam ser o ponto mais alto das negociações que visam desbravar os caminhos da paz, pode ficar ainda marcado por uma visita que é, no mínimo, arriscada, de três lideres europeus a Kiev para um encontro com o Presidente Zelensky quando as forças russas começaram a atacar alvos que consideram estratégicos na capital do país e nas suas imediações.
Os primeiros-ministros da Polónia, da República Checa e da Eslovénia anunciaram, no Twitter, que estariam hoje em Kiev para um encontro com o Presidente Volodymyr Zelensky, arriscando uma manobra que, mesmo que seja muito reduzido, contém um potencial de risco para o desastre se alguns destes membros do Conselho Europeu e lideres de países da NATO forem atingidos pelos projecteis da artilharia russa ou misseis que já estão a atingir alvos na cidade.
No momento em que as negociações decorrem com renovada boa-vontade do Kremlin e do Governo de Kiev, apesar de Zelensky manter a circular os seus vídeos desafiadores nas redes sociais, estes três governantes europeus apostam em se colocar na "linha de fogo", um risco difícil de explicar se o objectivo é, efectivamente, diluir as fricções e não potenciá-las.
Isso, quando o Presidente Zelensky, também com difícil explicação razoável, mantém a circular os seus vídeos incandescentes com um pedido persistente á NATO para atacar aviões, helicópteros e abater misseis russos, criando uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, o que, no limite, pode conduzir o mundo para uma guerra nuclear, como tanto Vladimir Putin como o Presidente dos EUA, Joe Biden, já admitiram que seria a consequência óbvia de um confronto entre forças da NATO e da Federação Russa.
O objectivo da deslocação dos líderes europeus, os primeiros-ministros da República Checa, Petr Fiala, da Eslovénia, Janez Jansa, e da Polónia, Mateusz Morawiecki, é, segundo os mesmos, mostrar de forma clara e inequívoca o apoio da União Europeia à Ucrânia.
Segundo estão a noticiar as agências de notícias, as actuais negociações centram-se efectivamente num cessar-fogo, mantendo as partes as posições iniciais, com ligeiras cedências, como a Rússia, que já não exige a saída do poder de Zelensky, mas mantendo como vital a garantia de que a Ucrânia não entra na NATO e que os territórios da Crimeia são reconhecidos como parte da Rússia e ainda que as repúblicas de Donetsk e Lugansk permanecem independentes. Como assim as reconhece Moscovo.
A Ucrânia exige a saída imediata das forças russas do seu território, a integralidade do seu território e um cessar-fogo incondicional imediato, embora Zelensky já tenha vindo a público dizer que abdica da questão da entrada na NATO, o que é um passo importante, e uma cedência clara.
Actualmente, as forças russas cercam as principais cidades da Ucrânia e avançam com mais vigor no sudeste do país, enquanto no nordeste e este a resistência parece mais aguda, no terreno, enquanto cidades estratégicas no avanço russo, como Kiev, Mariupol e Kahrkiv estão cercadas pelas colunas de blindados russos, sendo o caso mais dramático Mariupol, no Donbass, junto ao Mar de Azov, onde está "encurralado" o famoso Regimento de Azov, com génese fascista-nazi e a quem a Rússia dificilmente deixará sair da urbe por terem no registo os mais violentos e mortíferos ataques a civis nas regiões de Donetsk e Lugansk.