Podia ser pior, admitem os analistas sobre o resultado da ronda negocial entre a Ucrânia e a Rússia, que decorre na Bielorrússia e visa encontrar um caminho para o fim das hostilidades que já levam oito dias a contar da madrugada de 24 de Fevereiro, quando as colunas militares avançaram sobre o território ucraniano, porque as partes terem concordado com uma 3ª ronda negocial é um bom sinal, embora outros analistas admitam que se trate de uma manobra dilatória.

Para já, certo e seguro é que as partes concordaram em criar corredores humanitários para que os civis possam deixar as áreas de conflito e a ajuda possa chegar a quem dela precisa. Mas é nos corredores da real politique que as coisas fiam mais fino.

Já esta tarde, segundo o Governo francês, o Presidente Emmanuel Macron e Putin voltaram a conversar ao telefone e o que saiu dessa conversa é pouco animador, porque o líder francês fez saber que a troca de impressões com o chefe do Kremlin lhe permitiu perceber que "o pior ainda está para vir", tendo ainda deixado como facto ter dito ao seu interlocutor que está a "cometer um erro gigantesco".

Mas as coisas podem ter chegado a um ponto de mudança se as partes estiverem a falar a verdade, desde logo porque o Presidente da Ucrânia, quando as forças russas ganham cada vez mais terreno no seu avanço em solo ucraniano, e nas várias frentes, disse que está disponível para se sentar à mesa com Putin para encontrar uma forma de acabar com esta guerra, e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, já disse que uma acordo é possível em breve porque o que Moscovo quer é pouco e possível de negociar.

Ao que se sabe, Moscovo quer uma Ucrânia desmilitarizada e neutra com garantias de que se mantém fora da NATO, não abdicando da Crimeia, anexada em 2014, como parte da Rússia. E Kiev quer as forças russas de volta ao seu país e a sua soberania respeitada.

Ao final do dia desta quinta-feira, 03, não havia notícia de qualquer resposta do Kremlin a proposta de Zelensky.

Todavia, hoje, de Kiev chegou um sinal de que as coisas podem estar a ser vistas com excesso de optimismo, porque o Parlamento ucraniano acaba de aprovar legislação que permite ao Governo apropriar-se de bens de russos ou da Rússia na Ucrânia, havendo a suspeita de que esta aprovação contempla a possibilidade de se estender a cidadãos ucranianos russófilos.

O histórico recente desta crise no leste europeu pode ser revisitado nos links colocados em baixo, nesta página, inclusive as suas consequências económicas, como o impacto no negócio global do petróleo.