Os protestos e os confrontos étnicos ocorreram na sexta-feira, no estado de Oromia, um dos nove com base étnica que compõem a Etiópia e, segundo relatam as agências internacionais, a saída inicial à rua teve como objectivo apontar o dedo ao chefe do Governo de Adis Abeba pela forma como gere o país com mão-de-ferro.
Este os 67 mortos estão, segundo a polícia do estado de Oromia, onde está localizada a capital do país, Adis Abeba, cinco agentes das forças de segurança.
A força dos protestos resulta das acusações de que Abiy Ahmed se comporta como um ditador, sendo o conhecido activista Jawar Mohammed, antigo aliado do primeiro-ministro, quem encabeça os protestos, justificados por um alegado complot orquestrado por Abiy Ahmed para se livrar dele enquanto potencial opositor nas próximas eleições.
Em declarações à AFP, Jawar acusou Abiy Ahmed de estar a levar o país para os "tempos antigos do autoritarismo".
Abiy Ahmed Ali é primeiro-ministro da Etiópia desde Abril de 2018 mas o seu trabalho em prol da reconciliação com a vizinha Eritreia, depois de décadas de conflito, e ainda na vasta região do nordeste africano, levaram o júri a atribuir-lhe hoje o Prémio Nobel.
O Comité Nobel norueguês destacou, para justificar a atribuição do prémio, a intenção de que este seja um incentivo forte para que conclua a sua missão de paz nesta tradicionalmente conturbada região do mundo.
Reconciliação, paz solidariedade e justiça social são algumas das palavras usadas pelo júri do Nobel da Paz para justificar a entrega deste prémio, um dos mais mediáticos de todas as categorias do Nobel, cujo valor ronda o milhão de dólares mas que tem no prestígio a real dimensão do seu valor.
O primeiro-ministro da Etiópia "iniciou reformas de grande importância que estão a permitir a muitos cidadãos reganharem a esperança de um futuro melhor", diz ainda o documento emitido pelo júri.