O antigo Presidente republicano, que tem, além de Stormy Daniels a persegui-lo judicialmente, tem ainda a atormentá-lo o "fantasma" da invasão do Capitólio a 06 de Janeiro de 2021, onde é suspeito de a ter incentivado e de nada fazer, propositadamente, para a travar, ou ainda uma longa lista de casos onde é suspeito de fuga aos impostos, optou pela fuga para a frente acusando os Democratas de Joe Biden de estarem por detrás destes processos judiciais para o afastar da corrida à Casa Branca.

Mas, para já, em cima da mesa do tribunal de Manhattan tem 34 acusações de falsificação de registos comerciais referentes ao processo Stormy Daniels, com quem terá mantido uma relação de cama extraconjugal e em 2016, para não ser prejudicado pela revelação, embora a negue, pagou 130 mil USD através de um advogado de forma a garantir o seu silêncio.

E nada o vai afastar de uma candidatura, como o próprio garantiu numa entrevista à Fox News, um canal de tv que lhe tem servido de propulsor eleitoral e rede de segurança contra as mais diversas acusações, incluindo uma de ele próprio ter tentado arranjar votos falsos em 2020 para ganhar na Georgia quando a acusação de roubo eleitoral foi o seu principal argumento para a derrota frente a Joe Biden.

Como vai conseguir ultrapassar as restrições civis e políticas a condenados judicialmente, se for o caso, especialmente se forem gastas todas as possibilidades de recurso, Trump não explicou.

Porém, alguns analistas já vieram sublinhar que estas declarações de Trump têm apenas como objectivo manter a solidez da sua rede popular de apoio porque ele tem os meios financeiros para garantir que consegue arrastar os processos judiciais por tempo suficiente de forma a não ter impedimentos legais à sua candidatura, pelo Partido Democrata, se ganhar as eleições primárias, ou como independente se for derrotado internamento por Ron DeSantis, o governador da Florida, ou por Nikki Halley, a antiga embaixadora dos EUA na ONU, havendo ainda a possibilidade de o seu antigo vice-Presidente, Mike Pence, poder surgir na liça.

Para o continente africano, a possibilidade de Donald Trump poder voltar ao poder da maior economia do mundo, da maior potência militar do planeta e do país com maior influência global em todas as instituições de suporte à actual ordem mundial, como as Nações Unidas, o FMI ou o Banco Mundial, é um assunto de relevância, porque foi no seu mandato, entre 2017 e 2021 que os EUA mais se afastaram do continente.

Entretanto, o republicano de 76 anos aproveitou, segundo a Lusa, a oportunidade para criticar o presidente, Joe Biden, de 80 anos, que manifestou a intenção de se recandidatar em 2024.

"Penso que ele não pode [concorrer ao cargo]", disse Trump sobre Biden, acrescentando que "não se trata da idade, (...) há apenas algo de errado [com ele]".

Relativamente à guerra na Ucrânia, Trump disse que é algo que não teria acontecido se ainda estivesse na Casa Branca e chegou mesmo a afirmar que falou com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre o assunto quando ainda ocupava a Casa Branca.

"Pude ver que ele amava a Ucrânia, considera-a parte da Rússia", disse, criticando a actual política norte-americana em relação à guerra, especialmente o apoio militar dado ao Governo ucraniano.

Os EUA concederam mais de 70 mil milhões de dólares (64 mil milhões de euros) em ajuda à Ucrânia desde que a guerra começou, incluindo apoio humanitário, militar e financeiro, de acordo com dados do Instituto de Kiel para a Economia Mundial.