Apesar de alguns senadores republicanos terem manifestado a sua concordância com as alegações iniciais da acusação feita pelos democratas da câmara dos Representantes, nomeadamente a questão da incitação à insurreição com a invasão do Capitólio a 06 de Janeiro, já se sabe que é quase impossível conseguir votos suficientes para garantir o impeachment de Trump.

No entanto, se assim vier a suceder, e apesar de já não ter qualquer efeito no presente porque Trump deixou o cargo a 20 de Janeiro, para o futuro, uma condenação implicaria a proibição de uma nova candidatura em 2024, como, alias, o próprio já disse que ia tentar.

O Senado funciona aqui como um "tribunal", enquanto câmara alta do Congresso dos EUA, e, estando hoje sob domínio dos democratas, depois de nas últimas eleições terem sido eleitos 50 senadores para cada um dos partidos, o empate garante que é a vice-Presidente Kamala Harris quem fica com a capacidade de decisão final, mas a destituição só será possível se os democratas conseguirem uma maioria qualificada ao convencer 17 senadores republicanos a votar com eles.

Para já, isso não parece possível, visto que o escrutínio feito pelos media norte-americanos permite perceber que dos 50 senadores republicanos, apenas 4 admitiram votar favoravelmente a destituição de Donald Trump, havendo ainda um considerado uma possibilidade mas, ainda assim, muito longe da maioria necessária para o efeito.

No entanto, e, como se prevê, se Trump escapar mais uma vez a um impeachment, a história já lhe garantiu como castigo o facto de ser o único Presidente dos EUA em 231 anos de eleições democráticas que foi sujeito a dois processos de destituição num único mandato de quatro anos.

Recorde-se que por detrás desta situação está o facto de a 06 de Janeiro, quando o Congresso confirmava, por votação, os resultados eleitorais das eleições de 03 de Novembro e da primeira confirmação de 14 de Dezembro pelo Colégio Eleitoral, num discurso próximo da Casa Branca, Donald Trump - que sempre alegou ter sido derrotado por fraude eleitoral - incitou milhares de apoiantes seus, os mais radicais pelo menos, a deslocarem-se ao Capitólio para fazer valer a sua posição, alegando que se tratava de um processo ilegítimo de confirmação da vitória do democrata Joe Biden, actual Presidente.