As sondagens a publicar nas próximas horas e dias não vão deixar dúvidas sobre o destino que está a ser traçado pelos eleitores para estes dois candidatdos ao cargo de Presidente dos EUA... e do mundo.

Mesmo com Donald Trump a proclamar, logo que saiu do "ring" montado pela ABC News, que este foi o seu melhor debate, o maremoto mediático da "esquerda" norte-americana cobriu esse triunfalismo trumpista com uma sondagem pós-debate da CNN a mostrar uma convincente vitória de Kamala Harris.

Se este debate era, como quase todos os analistas admitiam antes de começar o confronto, perto das 21:00 em Filadélfia, Pensilvânia, cerca das 02:00, madrugada em Luanda, decisivo para antecipar quem será o próximo Presidente da maior economia global e potência militar planetária, então o próximo "presidente do mundo" será uma mulher, negra e indiana...

Kamala Harris, de 60 anos, a actual vice-Presidente dos EUA, que sucedeu a Joe Biden na corrida depois do seu desastroso debate com Trump em Junho, com as elites democratas, encabeçadas pelas famílias Obama e Clinton, em nome das fortunas de Wall Street, a afastá-lo quer quisesse quer não, será assim a mulher ao leme da grande barca Ocidental.

Os grandes temas do debate foram a imigração, o aborto, a política internacional e, naturalmente, a economia caseira, onde a bem teleguiada sobriedade de Kamala Harris voltou a abanar a volatilidade verbal de Trump.

Donald, como Kamala o tratou, e como se esperava, deixou algumas pérolas para a posteridade, como quando disse que os imigrantes que a sua opositora deixou entrar no país estão a comer os animais de estimação - cães e gatos - dos cidadãos dos EUA.

E, no entanto, esta era a oportunidade para Donald Trump mostrar aos eleitores que ainda não se deixaram encantar pelos seu "brilhantismo"que tinha mudado a sua consciência social após a tentativa de assassinato durante uma acção de campanha à qual sobreviveu por muito pouco.

Mas o que se viu foi um Donald Trump com uma doentia insensibilidade social, como quando chamou uma e outra vez "marxista" a Kamala Harris apenas porque esta defende mais apoios nas áreas sociais, como a saúde e a educação, para os mais pobres entre os norte-americanos, que são cada vez mais ano após ano...

Noutra área sobre a qual a história já tinha mudado de página, o aborto, Trump rrsolveu, como, alias, se esperava, voltar ao tema acusando Harris de quer "matar bebes" ao defender o aborto, como, de resto, está legalmente acomodado na legislação federal norte-americana, acrescentando uma mentira ruidosa, que os democratas "defendem o aborto até aos nove meses de gravidez".

Mas nem tudo foram rosas para aquela que pode ser a primeira mulher a entrar como inquilina na Casa Branca, ademais sendo negra e indiana, porque quando chegou à política externa, Harris soçobrou na questão da Palestina, onde foi incapaz de lidar com o genocídio israelita em Gaza.

Voltou ao estafado argumento de que "Israel tem o direito à autodefesa", quando as suas forças armadas estão, com armas norte-americanas, a matar milhares de palestinianos inocentes, na maioria mulheres e crianças.

Na questão ucraniana, Harris esteve ainda pior, ao afirmar que sem o apoio dos EUA à Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, já estaria sentado em Kiev a preparar a invasão da Europa Ocidental, como se a Rússia tivesse capacidade para invadir países como Alemanha, França, Polónia ou Itália, se não consegue sequer segurar as posições que assumiu em 20% do leste da Ucrânia...

E foi aqui que Trump aproveitou para ganhar pontos à democrata, voltando a insistir que se estivesse ao comando dos EUA, estas guerras não teriam acontecido: "Se eu fosse Presidente, estas guerras não teriam sequer começado, se eu fosse Presidente, não estariam a morrer milhões de pessoas, e Putin, que conheço bem, numa se atreveria a entrar na Ucrânia".

"Eu quero que a guerra acaba. É do melhor interesse dos EUA que assim seja. Tem de ser negociado um acordo para acabar com as milhares de mortes que estão a acontecer todos os dias...", apontou, num dos seus melhores momentos do debate.

Naturalmente que não faltaram as estafadas acusações gratuitas de Trump sobre Kamala ser a "pior vice-Presidente de sempre" enquanto Harris optpu pelo sóbrio tom de quem quer ser "Presidente de todos os americanos"...

O resto do mundo ouviu isto sabendo que também ao seu redor haverá mudanças dependendo de quem for o vencedor das Presidências de 05 de Novembro, mesmo que essa influência seja cada vez menor com a luta global em curso por uma nova ordem mundial, com o Ocidente Alargado de um lado, liderado pelos EUA, e o Sul Global, cuja tracção está no eixo Moscovo-Pequim-Nova Deli...