Na justificação para esta decisão, o general Brice Oligui Nguema avançou que o estado de saúde de Ali Bongo é periclitante e estar retido em casa não acrescenta nada, podendo mesmo sair do país se assim o desejar.
Desde o golpe que Brice Nguema (ver links em baixo nesta página), antigo guarda presidencial e primo de Bongo, está sob suspeita de ter dado a cara por um golpe palaciano, porque atrás de si, acusa a oposição bagonesa, estará a filha mais velha do ex-Presidente que decidiu agir de forma a evitar que o poder escapasse da família Ondimba através de um outro protagonista de um golpe militar, como quase esteve a suceder em 2019, quando um jovem tenente, Kelly Obiang, também da guarda presidencial tentou tomar o poder.
Esta decisão está ainda a gerar mais dúvidas sobre a verdadeira natureza do golpe liderado por Brice Nguema, que é acusado pela oposição gabonesa de ser o homem de mão da filha de Bongo, Pascaline, que é quem vai, efectivamente, mandar no país, mantendo a família Ondimba aos comandos em Libreville.
Porém, este golpe de 30 de Junho pode, segundo analistas, gerar uma avalanche familiar interna, porque o filho de Ali, Nuredin Bongo, que era o preferido do pai para o substituir, não vai perdoar a antecipação da irmã mais velha, Pascaline.
Depois de libertar o primo, general Brice Nguema não deve fazer o mesmo a Nureddin, porque está acusado de corrupção e traição à pátria, um expediente eficaz para o manter atrás das grades, evitando as suas movimentações contra a irmã e o primo.
Se Ali Bongo vai aproveitar para partir para o exterior, provavelmente de encontro ao seu amigo, o Presidente francês, Emmanuel Macron, só se saberá nos próximos dias, mas esse deve ser o caminho porque o seu debilitado estado de saúde não deve permitir um esforço para retomar as rédeas do poder no Gabão.