Agora, numa análise independente feita pela unidade de investigação da Al Jazeera (I-Unit), apesar deste canal do Qatar não esconder o seu empenho em revelar ao mundo as atrocidades israelitas em Gaza, alguns dos mais cruéis momentos desse dia são desmentidos.
Mas esta investigação não esconde que os homens do Hamas e da Jihad Islâmica que conduziram o audaz assalto ao sul de Israel naquele dia deixaram um vasto rasto de terror e morte por entre as comunidades rurais, aldeias e vilas por onde passaram.
Todavia, os membros da I-Unit, que são jornalistas da estação, expõem neste trabalho agora publicado que as autoridades israelitas deliberadamente exageraram o rasto de terror dos combatentes do Hamas.
Um dos episódios mais marcantes, e com os quais Telavive conseguiu o apoio generalizado, como a morte de bebes decapitados e violações sistemáticas não ocorreram nem nas proporções nem nas circunstâncias relatadas pelas autoridades israelitas.
Para chegar a estas conclusões, a I-Unit trabalhou durante meses nas imagens existentes captadas pelas centenas de câmaras de CCTV, nas câmaras, telefones e GoPro"s que estavam nos homens do Hamas abatidos pelas forças israelitas, ouvindo testemunhas e colhendo toda a informação existente nas fontes abertas.
O episódio dos oito bebes israelitas com os corpos queimados e decapitados nma casa do kibutz Be"eri não existiram, tendo essa situação inventada pelos miliares israelitas, estando sim 12 corpos de adultos nessa casa mas, segundo a I-Unit, estas pessoas foram mortas pelos militares israelitas que atacaram o local em busca de terroristas do Hamas.
Esta investigação sustenta ainda a convicção já enunciada por várias organizações internacionais de que os 19 israelitas mortos por militares israelitas e que Israel admite, serão, afinal, muitos mais.
Outra situação que, a ser verdade, pode comprometer a acção das forças israelitas é a morte de dezenas de reféns que estavam a ser conduzidos para Gaza em viaturas que foram, como as imagens mostram, atacadas por helicópteros de guerra Apache das Forças de Defesa de Israel (IDF) cujas câmaras filmaram esses momentos.
Embora não seja possível garantir que nessas viaturas destruídas pelos helicópteros de guerra das IDF estavam cidadãos israelitas, essa possibilidade não pode ser descartada e é até provável que tenha acontecido, porque era impossível aos pilotos distinguirem entre militares do Hamas e reféns, como notam especialistas ouvidas pela I-Unit.
Apesar de esta investigação questionar fortemente a narrativa construída por Israel a propósito do assalto do Hamas de 07 de Outubro ao sul de Israel, ela não desmente nem confronta o rasto de terror deixado pelos combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica.
Nesse assalto foram mortos mais de mil israelitas e dezenas de estrangeiros que trabalhavam nos campos agrícolas da região, além de centenas de habitações destruídas e mais de 4 mil feridos, alguns com gravidade.
Na resposta das IDF e do Governo de Telavive do primeiro-ministro Benjamim Netanyhau, até ao momento, em menos de seis meses, foram mortos 32 mil civis, entre estes mais de 14 mil crianças, além de mais de 100 mil feridos, em Gaza, nos bombardeamentos e na invasão terrestre.
Nesta guerra, foram já mortos cerca de 140 jornalistas, muitos deles comprovadamente atingidos de forma deliberada pelas IDF, perto de 100 funcionários da ONU e mais de 80 por cento dos edifícios do território foram destruídos, incluindo 30 dos 36 hospitais do território.
Israel mantém ainda um cerco a Gaza, território de 365 kms2 habitado por 2,3 milhões de habitantes, com uma das maiores densidades populacionais do mundo, onde a ajuda humanitária entra a conta-gotas levando a que a fome e as doenças já estejam a matar tanto ou mais que a guerra.
Um cessar-fogo está a ser pedido com urgência por todas as organizações internacionais, com especial veemência pela ONU.
Actualmente decorrem negociações entre o Hamas, via Qatar, Israel e os mediadores Egipto e EUA, mas as condições de um e do outro lado parecem ser difíceis de ultrapassar.
Dos três objectivos traçados por Netanyhau no início desta guerra, a libertação dos reféns, a aniquilação total do Hamas e garantir que Gaza não mais voltará a ser uma ameaça para Israel, nenhum deles foi até agora concretizado, apesar da quase total destruição do território e dos mais de 32 mil mortos entre os civis palestinianos que o habitam.