"Em Julho deste ano abrimos três corredores temporários, e existe agora uma nova área a ser aberta mais para Sul. O primeiro corredor é para navios até oito metros, o segundo para os de até 12 metros , sendo o terceiro corredor para os de maior dimensão. Este novo corredor aumentará a nossa capacidade de exportação", disse Denys Karpov, director-geral do Porto de Odessa, reforçando que, durante a abertura destes corredores , foram já exportadas 4 milhões de toneladas de cereais dos portos ucranianos.

Bloqueio Russo condiciona exportações de cereais, acusam autoridades portuárias.

As Nações Unidas assinaram, em Julho de 2022, acordos com a Rússia e a Ucrânia, que envolveram também a Turquia, para permitir o escoamento de cereais armazenados nos portos ucranianos. Em Agosto do mesmo ano saía do Porto de Odessa o primeiro navio com cereais para exportação. Um ano depois, a Rússia pôs termo ao acordo que permitia a saída de cereais ucranianos dos portos ucranianos da região de Odessa. "Durante o período em que o acordo esteve vigente, foram transportadas mais de 33 milhões de toneladas de produtos alimentares dos portos ucranianos em mais de mil navios", reforçou Denys Karpov.

A 25 de Setembro, a Rússia lançou um ataque contra o Porto de Odessa, que resultou na destruição parcial de um hotel, do edifício administrativo e de um terminal portuário. As autoridades portuárias afirmaram que, desde o inicio do conflito, tropas russas lançaram já 21 ataques contra o Porto de Odessa, sendo que 164 infra-estruturas foram afectadas e mais de 300 mil toneladas de cereais destruídos. Os ataques terão provocado o ferimento de 21 civis e a morte de três outros, sendo que sete navios civis foram atacados, de acordo com a informação partilhada ao NJ pelos responsáveis locais.

"As autoridades russas bloqueiam a passagem de navios provenientes dos portos ucranianos e isto tem-nos causado muitos transtornos. Isto afecta em quase 40% a capacidade de exportação dos nossos portos, e tem grande incidência no aumento dos preços dos produtos", afirmaram os responsáveis locais.

Nesta terça-feira, o Presidente da Ucrânia, Vlodomyir Zelensky, garantiu apoio ao envio de cereais para África em nome da segurança alimentar. Falando para um grupo de jornalistas africanos, o líder ucraniano garantiu que países como o Mali, Etiópia e Marrocos já têm recebido cereais provenientes do Porto de Odessa. Zelensky anunciou também a criação de "hubs" para armazenamento e transporte de cereais em alguns países africanos.

Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia forneciam, em conjunto, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol, de acordo com dados avançados pela revista britânica The Economist.