Uma das grandes dificuldades em obter uma vacina para a doença que mais mata crianças em todo mundo, que mais vidas ceifa em África e que só em Angola tirou a vida a perto de 11 mil pessoas em 2020, em quase 3 milhões de casos registados, é que esta doença não é provocada nem por um vírus nem por uma bactéria, é um parasita, o plasmodium, com um número muito mais elevado de génes, que se apresenta em cinco estirpes, e é transmitido por um mosquito, da espécie anófeles.

O facto de o plasmodium possuir mais genes que um vírus ou uma bactéria, impõe uma mais vasta capacidade imunológica para surtir efeito e uma vacina eficaz é mais que nunca necessária porque cresce a capacidade de resistência do parasita aos medicamentos existentes.

Essa é, alias, uma das principais razões para os esforços que se fazem em todo o mundo na busca de alternativas, algumas delas ousadas como esta, que o Novo Jornal contou aqui ou aqui.

Algumas das maiores farmacêuticas e laboratórios de universidades e institutos em todo o planeta trabalham há décadas para encontrar um antidoto eficaz contra o plasmodium, mas só agora começa a ver-se mais que uma luz ao fundo do túnel e milhões de crianças com menos de cinco anos, grupo etário onde está a maior parte das mortes, podem começar a ser salvas da mais letal das doenças em geografias como a africana.

No entanto, esta vacina do Instituto Jenner, da Universidade de Oxford, com 77% de eficácia, está em apreciação ainda em alguns países africanos mas o que decorre no Burkina Faso é o primeiro onde ficou claramente e de forma inequívoca demonstrada a sua eficiência em valores considerados pelas exigentes metas da Organização Mundial de Saúde (OMS/ONU).

Mais: esta droga tem ainda a garantia testada de que o efeito imunizante tem uma durabilidade superior a 12 meses.

Mas esta vacina, que está em testes desde 2019, não é a primeira que está a ser testada, havendo uma outra, que já foi para o terreno no continente africano com uma eficácia que não ultrapassou os 55%. E ao longo dos anos, várias chegaram ao terreno, mas sem terem conseguido demonstrar a sua valia de acordo com os requisitos mínimos da ONU.