A organização pan-africana advertiu ainda os autores do golpe para se absterem de "qualquer tentativa de interferência no futuro processo político" e devem "voltar de imediato às casernas".
Esta decisão foi tomada pela UA na terça-feira, escasas semanas após o segundo golp de estado militar no Mali conduzido por militares.
Este golpe foi realizado depois de ter sido anunciada uma remodelação governamental onde estava previso o afastamento dos dois elementos militares que tinham estado na génese do golpe de há nove meses, em Agosto de 2020, que conduziu ao poder o Presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Quane, agora depostos.
O Presidente Ndaw tinha assumido o cargo há apenas nove meses também num contexto de golpe de Estado igualmente desencadeado por oficiais das Forças Armadas, consumando a ideia de que este pais do Sahel, entalado entre o deserto do Saara e a África subsaariana, caminha de forma acelerada para a ingovernabilidade fustigado que está há anos a fio por vários grupos radicais de natureza islâmica e tuaregues transformados em guerrilha.
O Mali vive deste 2012 num intenso turbilhão político-militar depois de uma revolta nos quartéis ter levado ao afastamento do então Presidente Amadou Toure, o que levou à rebelião tuaregue, os nómadas do Saara, tendo então a al qaeda do Magrebe aproveitado para se imiscuir nesta luta e ganhar terreno que, posteriormente seria igualmente fértil para o avanço do estado islâmico e do Boko Haram, os radicais islâmicos que se espalharam a partir da Nigéria e acabaram a juntar-se ao isis oriundo do Médio Oriente.
Por isso, o Mali é hoje um gigantesco campo de batalha entre as forças malianas leais a Bamako, apoiadas por contingentes europeus, liderados pela França, e dos Estados Unidos, que ali procuram enfraquecer o jihadismo global.
Com as forças radicais islâmicas às portas de Bamako por diversas vezes, os militares malianos têm aproveitado esta tensão para ocupar o poder político, embora as sucessivas falhas no cumprimento de promessas estejam a conduzir rapidamente este país, que já foi dos mais aprazíveis em África, com uma forte indústria do turismo, num deserto caótico e sem rumo.
E é num esforço derradeiro para estancar esta caminhada do Mali para a condição de caos contínuo que a União Africana decidiu, como avançou a instituição em comunicado, atrav"wes do se Conselho de Paz e Segurança, "suspender de imediato a República do Mali da sua participação de todas as actividades até que a normalidade e a ordem constitucional sejam repostas".
Esta decisão surge dias depois de a Comunidade Económica da África Ocidental (CEDEAO) ter seguido o mesmo caminho, suspendendo o Mali de todas as suas actividades.