Nesta nota enviada ao Novo Jornal, o CPJ entende que as autoridades de Bissau têm a obrigação de garantir que os autores deste crime são apresentados à justiça.
António Aly Silva, um conhecido jornalista guineense, autor do blog "Ditadura do Consenso", que tem, nos últimos anos, assumido um papel de activista cívico relevante neste pequeno país lusófono da África Ocidental, foi brutalmente raptado sob ameaça de armas e depois agredido por quatro desconhecidos, na capital guineense, no dia 09 de Março.
No seu relato ao CPJ, Aly Silva disse desconhecer os seus agressores e as suas motivações, mas é igualmente certo que o seu permanente questionamento sobre a governação actual na Guiné-Bissau lhe granjeou muitos inimigos, sendo ainda conhecido o seu posicionamento amiúde coincidente com as posições do histórico PAIGC em claro contramão com a linha política do Presidente Sissoco Embaló.
Uma das situações mais recentes, avançada pelo próprio ao CPJ, foi um artigo fortemente crítico da decisão do Governo guineense de assumir os custos de um avião fretado pelo Presidente de Cabo Verde, assumindo que o próprio Embaló o ameaçou.
Face a isto, o CPJ exige que as autoridades investiguem as agressões, o rapto e os motivos por detrás disso e que os responsáveis sejam apresentados à justiça.
Angela Quintal, coordenadora do Programa África do CPJ afirmou, citada em nota da organização, que o Presidente Embaló "deve enviar uma mensagem clara sobre a intolerância face a ataques a jornalistas e que o seu Governo está comprometido com a liberdade de imprensa na Guiné-Bissau".
Recorde-se que durante o assalto, Aly Silva foi obrigado a entregar o set telemóvel e a forncer a passaword para que os seus raptores tivessem acesso ao conteúdo privado do seu email privado e outras ferramentas digitais de comunicação.
Este acto já foi condenado pela Liga Guineense dos Direitos Humanos que exige igualmente que sejam apuados os factos e que os autores das agressões sejam identificados e punidos.
E na República do Congo...
O CPJ exigiu igualmente a libertação imediata do jornalista Raymond Malonga, na República do Congo, detido quando estava internado numa clínica, exigindo que o Governo de Brazzaville garanta condições para a permanente liberdade de imprensa e que os profissionais dos media possam trabalhar sem receios de detenção e perseguição.
Isto, porque, em Fevereiro, agentes da segurança detiveram o jornalista e editor do Sel-Piment, jornal privado, quando este se encontrava na clínica médica, acamado.
O jornalista foi detido devido a uma acusação de difamação alegadamente contida num artigo publicado a 18 de Janeiro, onde são avançadas acusações sobre apropriação indevida de fundos públicos por parte de uma parente do Presidente Dennis Sassou Nguesso.
Desde então, Malonga está detido numa cadeia de Brazzaville sem data para que seja ouvido por um tribunal.
O CPJ...
O CPJ foi criado em 1981, por Walter Cronkite, em reacção à perseguição do jornalista paraguaio Alcibiades González Delvalle, criando uma rede global de correspondentes que estão na primeira linha da defesa da liberdade de imprensa e na protecção e denúncia de detenções e perseguição a jornalistas em todo o mundo.
É actualmente uma das mais prestigiadas e independentes organizações globais de defesa da liberdade de imprensa, com grande capacidade de influência e pressão sobre regimes que não respeitam a liberdade de imprensa e perseguem jornalistas.
Walter Leland Cronkite Jr. foi um jornalista da CBS NEWS durante 19 anos, ao longo dos anos de 1960 e 1970, obtendo, através do seu trabalho, e confirmado numa sondagem nacional, o cognome de homem mais confiável dos EUA pela sua verticalidade e honorabilidade profissional.