Ainda de acordo com a análise feita pela HRW, citada pela Associated Press, nos protestos que emergiram nas cidades moçambicanas após a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter divulgado os resultados a 24 de Outubro, foram detidas centenas de menores pela polícia moçambicana.

Esta organização, com sede nos Estados Unidos, sublinha que as autoridades oficiais em Maputo se recusam a avançar com informações sobre o número de vítimas e de detenções neste perídio de forte perturbação social no país.

Mas a agência de notícias norte-americana adianta que, segundo dados recolhidos por organizações internacionais, as forças de defesa e segurança de Moçambique mataram a tiro pelo menos 30 pessoas durante os protestos, enquanto as associações locais apontam para 50 vítimas mortais dos disparos de fogo real da polícia e militares moçambicanos.

Estes números poderão ainda crescer dramaticamente porque o Conselho Constitucional, que tem nas mãos o veredicto final sobre o resultados das eleições de 09 de Outubro, após recurso de toda a oposição, anunciou já esta semana que a "sentença" só deve ser conhecida a 23 de Dezembro.

Esse anúncio levou alguns analistas e elementos da oposição a falar já numa escolha de data suspeita para o anúncio porque perspectiva a ideia de que o Conselho vai confirmar, com poucas alterações, os números da CNE.

Isso, porque fazê-lo mesmo no período natalício é isso que indicia.

No entanto, esta data não choca com a lei porque o Conselho Constitucional não tem um prazo para se pronunciar, embora tenha justificado a demora com o momento de "alarme social" e de grande tensão social em Moçambique devido à posição da oposição de não aceitar os resultados e da grande disponibilidade popular para sair às ruas.

Em pano de fundo a este cenário de extrema gravidade em Moçambique está o facto de, pela primeira vez, existirem indícios recolhidos de sérias violações da lisura eleitoral, como a própria delegação de observadores da CPLP admitiu.

E o próprio Conselho Constitucional pediu à CNE que se explicasse sobre a existência de números dispares entre os boletins de voto entrados nas urnas, porque em Moçambique todos os eleitores recebem três boletins mas no fim havia uma grande diferença entre os votos nas Presidenciais, para o Parlamento e nas eleições locais provinciais.

Além disso, os apoiantes do candidato do Podemos, Venâncio Mondlane (ver links em baixo), notam que os dados recolhidos através das actas publicadas nas mesas de voto não coincidem de todo, como os números revelados pela CNE.

A CNE deu ao candidato da FRELIMO, Daniel Chapo, mais de 70% dos votos e a Mondlane apenas 20%, quando os dados da oposição apontam para um resultado literalmente oposto, como menos de 10% para o homem do partido no poder e uma vitória esmagadora do candidato do Podemos.