Pouco passava das 08:00 locais, mais uma que em Luanda, quando o candidato presidencial apoiado pelo Podemos chegou à capital moçambicana, num claro desafio às autoridades do país, mantendo a contestação aos resultados das eleições de 09 de Outubro do ano passado.

Esteve cerca de dois meses e meio fora de Moçambique, mantendo sempre um discurso desafiador ao poder da FRELIMO, recusando-se a aceitar os resultados, embora tudo indique que este seu regresso ao país foi precedido de algum tipo de negociações com o Governo.

Isto, porque Venâncio Mondlane tem liderado os gigantescos protestos contra os resultados eleitorais caucionados pela Comissão Nacional de Eleições, a 24 de Outubro, primeiro, e depois pelo Conselho Constitucional, a 23 de Dezembro, que resultaram em centenas de mortos e milhares de feridos.(ver links em baixo)

Mondlane já foi acusado de ter a responsabilidade maior por este cenário de grande violência pós-eleitoral, o que poderia, sem que a sua chegada fosse precedido que negociações, ser detido e julgado por diversos crimes de incentivo à arruaça, entre outros.

Porém, a sua chegada ao aeroporto de Maputo não passou sem que os confrontos entre populares seus apoiantes e as forças de segurança voltassem, tendo.se mesmo visto disparos de granadas de gás lacrimogéneo e rajadas de tiro real... No local estavam centenas de polícias e militares.

Segundo os media locais, a intenção de Mondlane é deslocar-se para o centro da capital moçambicana e falar para os milhares de jovens que seguramente vão tentar deslocar-se para o ouvir...

Nesse discurso deve repetir o que disse ao chegar a Moçambique depois deste "retiro" de mais de dois meses, que foi que estava de volta para assumir o cargo de Presidente da República, de acordo com as leis e a Constituição, eleito pelo povo.

Se tentar cumprir este "plano", Venâncio Mondlane deverá então manter-se em Maputo até 15 de Janeiro, data prevista pela legislação eleitoral do país para a tomada de posse do Presidente-eleito, que, oficialmente, foi Daniel Chapo, da FRELIMO, com quase 70% dos votos.

Se se vão encontrar os dois na cerimónia de tomada de posse, dificilmente sucederá, mas até 15 de Janeiro, as perspectivas de mais violência e protestos são enormes.

Para já, à chegada, depois de se autoproclamar, com a Constituição na mão, Presidente-eleito de Moçambique, Venâncio Mondlane disse que se o "quiserem assassinar, que assassinem" ou se o quiserem prender, "que prendam", mas advertiu que se tal suceder, a "fúria popular será imparável" e a queda do regime será inevitável porque "nada a ela se comparará na história do país e de África".