Nesta audição, Mondlane vai ser ouvido, segundo a imprensa moçambicana, sobre oito processos em que é visado como elemento perturbador da ordem pública no contexto das longas semanas de protestos populares conta a fraude eleitoral que deu a vitória esmagadora mas não verosímil do candidato da FRELIMO, o partido que Governa Moçambique desde 1975.
À chegada a Maputo, no aeroporto, depois de se ter ausentado, deixando algumas dúvidas se regressaria devido ao risco de vir a ser detido, precisamente para evitar a sua saída do país para evitar a cadeia, ou a prisão domiciliária, Venâncio Mondlane disse aos jornalistas não estar com grandes expetactivas sobre esta ida à PGR na condição de "acusado" de agitação social.
O candidato que não aceitou ainda a vitória do agora Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, cuja vitória deixou um pesado rasto de suspeitas de fraude eleitoral e manipulação de resultados, acusa a PGR de estar ao serviço do poder e não da justiça e que esta sua ida ali para prestar declarações tem como objectivo "aterrorizar e intimidar".
Segundo Mondlane, existe uma tremenda discrepância entre a sua condição de visado pela justiça e a actuação dessa mesma justiça quando foi ele a avançar com queixas e processos contra desconhecidos que alegadamente o tentaram assassinar ao longo da campanha eleitoral para as eleições gerais do ano passado, que tiveram lugar a 09 de Outubro.
Os protestos populares, que se mantiveram ao longo das semanas subsequentes, foram motivados pelas evidências de fraude eleitoral que deram à FRELIMO uma vitória em toda a linha, nas Presidenciais, Legislativas e Locais (provinciais), sendo que, desta feita, até algumas organizações de observadores, como a da CPLP, notou sinais sólidos de falta de lisura no processo.
E quando a 24 de Outubro a Comissão Nacional de Eleições deu como válidos os resultados até aí provisórios, o país rebentou numa sucessão de protestos (ver links em baixo) que fizeram centenas de mortos e milhares de feridos, alem de milhões de dólares em prejuízos nas empresas privadas e do Estado ou ainda em equipamentos públicos.
Na justificação para acusar a PGR de falta de imparcialidade, Mondlane apontou a rapidez com que está a actuar contra si e ignora todos os processos de o próprio deu entrada, sendo estes elaborados em cima de centenas de casos de agressão a elementos da sua campanha, atentados à sua vida, uso das forças de segurança para o impedir de circular no país...
Sobre as suspeitas de que estaria a pensar fugir do país, respondeu que tal nunca lhe passou pela cabeça porque isso seria trair a sua missão de ajudar e defender o povo moçambicano.